Sobre o sentir que eu não sinto; sobre o sentir que eu sinto em excesso. Você, leitor, não consegue ver sentido nisso? Nem eu. Alias, muito menos eu. Mas vamos brincar de psicólogo e fingir que a gente se entende, pode? Ótimo. Então me explique, com toda a lógica e a racionalidade que você é capaz de pensar, o que é o sentir. Por que? Porque eu não sinto mais nada! Não sinto carinho, não sinto tristeza, não sinto compaixão, não sinto ternura, nada! Eu perdi os sentidos, eu estou de olhos tapados e mãos atadas, fadado a seguir pelo meu labirinto de erros e tristezas, cada vez indo mais pro centro, cada vez me perdendo mais no meu próprio monstro, Como se eu fosse Dédalo, destinado a padecer pelas mãos do monstro que eu próprio criei. Pelo menos ele tinha asas pra fugir de lá. Asas! São de asas que eu preciso! Asas pra sair do abismo que eu meso cavei aos meus próprios pés. Abismo que a cada segundo afunda ainda mais, me levando às suas profundezas cada dia mais. Cadê minhas asas? Preciso sentir o voar, o vento na minha cara, meus pesares no chão. Mas eu não sinto. Ou sinto demais?
Chris Villela( pseudônimo), 1C4