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14/10/2013

Teogonia

#Prata da casa #Produção de alunos

Teogonia

Publicado em 14/10/2013 04:14

Acordou. Sua visão ainda embaçada e a cabeça ainda doendo por conta do pesado sono que tivera durante a noite. Pesado, porém agitado, repleto de sonhos estranhos e visões esquisitas que ainda brotavam em sua mente: incompreensíveis, indescritíveis. Porém, em meio a essas memórias caóticas, foi capaz de discernir duas coisas: o que sentia embaixo de si, e o que via acima.

Embaixo, confortando seu corpo, tinha a terra, macia, aconchegante, fria, mas não gélida, ainda molhada pelo orvalho da noite e exalando um gentil cheiro de madrugada. Deixou seu corpo relaxar naquele abraço suave e ficou observando o que via acima: o céu, acendendo. O sol nascia e ainda era possível ver algumas poucas estrelas que teimavam em aparecer nesse início de manhã, dando à imensa tela azul uma profundidade quase que infinita, tornando-a ainda mais imensa, confortavelmente assustadora.

Ficou lá, aproveitando o leito natural e o quadro astronômico, e desse deitar do céu sobre a terra brotou, em sua mente, todo tipo de pensamentos. Ideias colossais, fantasias absurdas, reflexões consideravelmente irrelevantes; deixou a mente solta e, inspirado pelo céu, confortado pela terra, conseguia criar as criaturas mais fantásticas e as situações mais anormais. Até que sua mente foi distraída por uma visão especificamente desagradável.

Foi quando viu o sol se movendo que sua mente se trancou. Do céu nada mais brotava e a terra não o confortava mais como antes. O sol estava alto. Já era tarde. O tempo havia passado sem que ele percebesse, isso o assustou, derrubou o vasto céu de seus pensamentos e, ao mesmo tempo, despertou dentro dele uma assustadora paixão. Tinha que ir. Levantou-se abruptamente e olhou para o céu novamente. Era tarde. Muito tarde. Talvez tarde demais. Precisava ir, tinha que dar tempo.

Pensou, então, em tudo que tinha planejado para fazer durante o dia. Todos os planos que não conseguiria realizar, arruinados pelo tempo maldito que passara sem avisar. Pensara em visitar a família, encontrar a esposa, sentar com todos perto da lareira, contar contos e lembrar lembranças. Depois iria para a plantação, ver como estavam os grãos e as sementes, se sobreviveram às estações e cresceram fortes e fartos. Então pensou que iria ao cemitério, visitar o resto da família e os amigos que já se foram, prestar respeito e reviver o luto. Por fim iria à praia, olhar o mar, respirar ar fresco, talvez nadar um pouco, sentar na areia e trazer a vida de volta. Porém lembrou que já era tarde e que todos esses planos e esses desejos tinham sido impiedosamente engolidos pelo tempo que passara dominante.

Afastou esses pensamentos da cabeça e focou no principal: tinha que ir. Não podia esperar. E foi. Disparou. Correu. Correu atrás da de sua família, de sua plantação, de seus mortos, de seu mar. Correu para longe do gigantesco céu e da terra aconchegante. E, principalmente, correu contra o tempo. Correu para vencer as horas. Ganhar os minutos. Deixar os segundos. Chegar em primeiro.

Lucas Akio Nakamura, 2H2

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