É possível perceber
O início da insônia
Com clareza absoluta.
No escuro, a mente acende
No silêncio, ela fala,
Fala fala mais que a boca
Ecoa, te deixa louca, oca.
A respiração encurta
O corpo vira na cama
A cabeça gira inquieta
Perde a calma, é só escuta.
O primeiro pensamento
É o epicentro
da pedra atirada ao lago
As ondas que reverberam
São o ene-pensamentos
Desdobrados.
O primeiro pensamento
É o primeiro da progressão
Que não é só geométrica:
É caótica.
A mente é casa do caos,
Casa do cão
de guarda de mil cabeças
Disputando o mesmo osso
Infinitesimal.
O cérebro é labirinto
Da besta desocupada,
O cérebro é intestino
Da matéria não purgada,
O cérebro é enorme noz
De goma mais que mascada.
É possível perceber
O início da insônia
Mas seu fim nunca se sabe
O que constitui na vida
A experiência única
da eterna eternidade.
Marise Hansen