Aos seis ou sete anos, conheci a minha primeira amiga menina. Chamava-se Solução.
Solução era linda. Tez alva e traços delicados, porém muito claros, definidos. Foi o que se chamaria de “a primeira namoradinha”. Aquela que os parentes perguntam.
Aos quatorze veio o primeiro sinal de uma iminente separação: o primeiro contato com Argumentação, amiga de escola, foi deslumbrante. Aos poucos a simplicidade de Solução parecia insignificante e insossa diante do glamour de Argumentação.
O desgaste foi inevitável. E com ele, o rompimento.
Foi uma troca que deixava uma ponta amarga no fundo da alma, mas que parecia ter sido necessária e que me levaria para o caminho certo.
O que caminhava agora para ser uma duradoura história de amor acabou por fim tornando-se um pesadelo. Ao entrar para o grupo de Argumentação, conheci Raiva, Orgulho e Ressentimento. Trio que tornou-se inseparável de Argumentação. Caí na armadilha. Nos meses finais de nosso relacionamento, sempre sentia que o trio me deixava atordoado, como se estivesse no meio de uma troca de tiros. Sentia que sugavam todo meu fôlego. Como se retirassem o ar de meus pulmões por uma seringa. A culpa talvez nem fosse de Argumentação… mas será que eu aguentaria mais tempo?
Sem escolha, uma nova separação. Mas agora caminho sozinho.
Ah… que saudade da Solução!
André Federighi, 3H2