22/05/2013
Tem dias que você acha que descobriu um mundo novo. Um verdade nova, uma outra realidade. Eu estive em um desses dias. Eu olhei em volta e uma árvore não era mais uma árvore. Aprender se tornara mágico. Por que, de repente, tudo escapara de meu conhecimento? Eu não sabia de mais nada e ainda ficava feliz por isso.
Pessoas tiveram o prazer de dividir esse momento comigo, participaram de minha epifania. Existiu um lapso de tempo em que eu tive certeza que tinha entendido as coisas, algo fez sentido que era o de nada fazer sentido e a vida continua a partir disto. Contemos logo meu relato. A culpa nem foi minha, foi de um rapaz que colocou um pouco de certa razão em minha vida, nascido filósofo, ele contagia as pessoas a sua volta.
Talvez agora que eu escreva me sinto presa. Faltam-me memórias para relatar o que gostaria, acho que foi um processo de meses, não de um único relato, o que ou faria esse texto muito grande, prolixo e chato ou faria com que qualquer coisa que eu diga seja infiel ao que eu vivi e não haverá propósito de existir. Peguei-me em uma encruzilhada de pensamentos enquanto escrevo.
Esse menino fica continuamente fazendo perguntas capciosas. Decidi agora que é relato de meses. Pergunta desde porque ele não pode ser um caminhão até de qual o problema de vender a alma para o diabo. Não é, digamos assim, comum ouvir as pessoas levantarem essas questões. Ou pelo menos não diariamente. Tendo que eu mesma refletir para responder a tais dúvidas quem acaba pensando sou eu.
Fui, então, tomada por uma série de perguntas sem resposta. É tudo uma grande discussão sobre a vida. E com isso deixei de ter medo. Viver é assustador. A cada segundo e reflexão que eu fazia nada mais fazia sentido ao mesmo tempo em que tudo se tornara conexo e óbvio. Como pude ter vivido esses anos todos sem nada saber? E pior, não saber que não sabia nada! Começou minha grande mudança na vida. Afinal o que é a vida? São coisas que eu comecei a me perguntar.
Havia chegado à conclusão de que esse menino era o próprio diabo por me embaralhar as ideias. E decidi também que havia vendido minha alma para ele e que isso era horroroso já que eu nunca estava satisfeita com nenhuma de minhas descobertas. Se por mais saber, menos eu sei, minha vida havia se tornado um inferno e eu viveria infeliz com ela. Contudo, não era verdade.
No meu novo jogo de xadrez com o capeta as discussões se acaloraram. E agora eu sei mais sobre a vida e sobre as coisas, apesar de saber da insuficiência do conhecimento; descobri minha limitação ou a limitação de todos; somos finitos! Nunca, jamais saberemos tudo! Entendi minha infelicidade. Entendeu? Entendi! Por isso vivo mais feliz com a infelicidade. Isso me torna mais feliz que todas as outras pessoas. Você acha que é mais feliz que eu? Tomara! Eu acho que não.
Agora é meu novo dia a dia, apossei-me de novas convicções e novas teorias. O mundo é outro e as minhas árvores são outras. Meus pensamentos batalham entre si para própria sobrevivência. Estou em mudança constante. Como já disse uma vez: podemos mudar de ideia, o triste é não ter ideia nenhuma pra mudar. Qual é a sua?
Karina Piva (ex-aluna)