O Rock in Rio começou na sexta-feira, 13, com uma novidade surreal: Michael Jackson esteve no show de Byoncé e ganhou até uma piscadela da cantora. Pelo menos foi o que registrou o jornalista do Estado de São Paulo, certo?
Beyoncé: a fórmula pop esculpida à perfeição
Roberto Nascimento
Batidas marciais, piscadelas a Michael Jackson e um sexy “I love you Rio”, acenderam o show de Beyoncé no ápice de primeira noite de Rock in Rio. Entre as grandes turnês que passam por aqui, é a melhor, com o vozeirão da diva em destaque, sempre nos lembrando que Beyoncé tem tanto talento quanto tem corpo.
O Estado de São Paulo, A38, 14/09/2013
Bem, se o “a” de “piscadelas a Michael Jackson” foi usado pelo jornalista como uma preposição, que pode ser substituída por “para”, foi exatamente isto o que aconteceu: a cantora americana, durante sua apresentação, distribuiu “piscadelas” para o astro já falecido, que via diante de si na plateia.
Mas uma outra opção, menos sobrenatural, é que o jornalista tenha se equivocado ao não colocar o acento grave, indicador de crase, em “piscadelas a Michael Jackson”. Se assim o foi, o que ele deve ter desejado afirmar foi que Byoncé piscou à moda de Michael Jackson, como se fosse ele, tendo o autor do texto omitido o substantivo “moda”, como em “bife à (moda/maneira) cubana” ou em “jogada à (moda/maneira de) Neymar”. Qual das duas opções é a mais provável?
Ah, é só para deixar registrado: não se usa vírgula entre sujeito e predicado, certo? Então, vale cortar rapidinho a última vírgula de :”Batidas marciais, piscadelas a Michael Jackson e um sexy “I love you Rio”, acenderam o show de Beyoncé no ápice de primeira noite de Rock in Rio.
E para finalizar, indo além de questões gramaticais, vale uma reflexão sobre o trecho final do parágrafo: “ (…) sempre nos lembrando [de] que Beyoncé tem tanto talento quanto tem corpo.” Machista, não? Ou será que alguém usuaria a mesma comparação para os cantores?
Lenira Buscato