No segundo bimestre, os alunos dos 9.os anos realizaram, durante as aulas de redação, o Projeto Poesia, que incluiu a leitura e análise de textos de diversos poetas, a confecção de coletânea de poemas, um encontro com o poeta Eucanaã Ferraz e a produção de um trabalho multimídia no laboratório de informática em que os alunos elaboraram poemas a partir de duas temáticas: o tempo e a paisagem.
No final do bimestre, tiveram a oportunidade de registrar suas impressões a respeito do fazer poético ao criarem poemas tendo como tema a metalinguagem.
Os poemas a seguir são uma pequena amostra das impressões desses jovens poetas.
12.o jogador
A partida começou
A bola está em campo
Com o time alexandrino
Vestido de vermelho e branco
A bola como caneta
As rimas representam a raça
Haja garra neste jogo!
Aqui, toda a força é massa
Liberdade evasiva
Alegria perpétua
Foi cruzada
Para o atleta
A arquibancada vibra
Por mais um quarteto
É o prazer macio
De um soneto
“Quem marcou?”
O juiz pergunta
E o povo responde:
-Foi o poeta!
Juliana Ignacio de Oliveira, 9C
A imagem é música
A imagem é como música
Que o pintor passa para o papel
Pessoas leves passam
Pela passarela pesada do papel.
Muitas congelando
Outras derretendo.
O sol briga com a lua
Os ventos com a chuva
O pincel desenha sentimentos
As cores da vivacidade
O papel registra
E o pintor administra a orquestra
A imagem é música
Para os olhos
Que me faz sentir vivo,
E faz as coisas ganharem vida
Na pintura do papel.
Luiz Marchetti Neto – 9F
Brincadeira sem fim
Quais peças escolher
Por onde começar?
Nem ao menos sei
aonde vou chegar
Interminável desafio
de esconder um sentido
Mas que jogo é esse
onde não há um objetivo?
Como continuar?
Qual o melhor movimento?
O segredo desse jogo
é desvendar os segredos
Palavras que enganam
Palavras que mentem
Palavras que inventam
Palavras que sentem
Ideias que vêm
Ideias que vão
Nessa brincadeira não há lógica
Apenas emoção
O adversário é sempre o mesmo
E o fim
um mero começo
Isabella Fazzi Markiewicz, 9C
Dança no papel
Palavras não se cansam,
vêm e vão.
Sem consciência
da própria importância.
Aproximam-se, provocantes
Traiçoeiras, enganam.
Palavra esbelta, dançante
Sapatos no piso
exclamam.
Distanciam-se, vagarosas.
Deixam-me só na pista.
Luzes piscam, nervosas.
Melodia roxa como ametista.
Oh, palavra longínqua,
abrace-me novamente.
Conheço-a nua e crua,
mas preciso vê-la novamente.
Isabela Andreotti – 9C
Napoleão das Palavras
Com palavras decidi
Uma batalha travar
Queria desbravar
Uma conquistadora me tornar.
Nessa batalha, perco soldados
Naufragam rimas
Caem redondilhas
Alexandrinos aleijados.
Perdendo a batalha
Quintetos ao chão
Em sinal de rendição
Oras, não sei nem fazer escansão!
Quando acredito
um verso domar
a estrofe parece se render
mas logo volta a atacar.
Dificílima hipérbole
A personificação vem lutar
A antítese ataca
ora aqui
ora acolá.
A pena, aliada, pergunta:
Tens alguma ideia?
Se continuares assim
Perderemos a guerra.
A estratégia final
é escrever algo
antes de tocar o sinal
Mas entrego os pontos
Jogo fora os peões
Afinal na vida
Não há dois campeões.
Ainda confusa
Parto para outra
Quem sabe Matemática?
Ou até mesmo Gramática…
Natália Nara Park Andrade 9°A
Poesia é como dança
Poesia é como dançar
Do pior ao melhor,
É só praticar.
Com criatividade,
Tudo fica melhor.
Enquanto a vontade,
Cada dia maior.
Para fazer poesia,
Não é preciso razão.
Assim como dança,
É liberdade de expressão.
Basta seguir a melodia.
Tanto na dança,
Como na poesia.
Isabela Mayumi , 9°A
Vida de Jogador
Como terminar um jogo,
Que não tem fim?
O tabuleiro não termina,
E o jogador desanima.
Contudo um bom jogador
Sabe que para vencer
Deve lutar com o jogo
Para no tabuleiro mexer.
Não critico os jogadores
Pois vida de poeta é assim
Quando tenta jogar novamente,
Muda começo, meio e também o fim.
Pietra Ribeiro Ayello, 9F
Palavra perdida
Palavra dura obscura
Me leva à loucura
Palavra doce colorida
Perdida pela vida.
Insisto e torturo
Mas ela não quer falar.
A palavra perdida,
Onde deve estar ?
Batalha cruel, interminável
Suor e grafite nessa procura
A palavra perdida
Onde deve estar?
Palavra maldita
Que não quer me contar
Onde a bendita deve estar?
Quero a palavra colorida
Para alegrar minha vida
Mas ela não consigo encontrar.
Vencida nessa batalha
Decido terminar
Afinal de contas
Pra que rimar?
Gabriela Maia , 9°G
Esconde-esconde
Não consigo te achar
Subindo para baixo
Descendo para cima
Não vejo nada!
Perguntei à sinestesia
E disse para olhar a rosa gelada
Mas lá estava você
Na gaveta trancada
A chave estava dançando
Rindo da minha cara
Lá se foi ela
Saltitando, divertindo-se
À custa do meu esforço
Ao poema trancado.
Julia, n.20 9H
PRISÃO PERPÉTUA
Poesia é linguagem
recursos de imagem
palavras cheias
vazias
de margem.
Palavras salgadas
que o poeta
veta
e quer
aprisionar.
Ó maléfico ser,
que as quer transformar
num dado
num jogo
datado
por um
tempo
Infinito
Indefinido
por séculos
de Abril.
O papel do poeta
enrugou
de tanto tentar
as palavras
alcançar.
Um jogo
sem vencedor
que a caneta
insana
insiste
com ardor
em não escrever
pois sente a dor
do jogo perder
para a próxima palavra.
Alexia Finkelstein, 9F