-Professora, ela pediu para eu não colocar camisinha, mas eu quero pôr. Posso pôr, mesmo ela não querendo?
– Aluno, se ela pediu para não pôr, ela está errada: tem que colocar camisinha, sempre!
Não, esse diálogo não aconteceu em uma aula de Orientação Sexual, mas bem poderia. Afinal, essa aula de Laboratório de Redação das 3.as séries foi concebida (sim, a palavra, aqui, foi escolhida propositalmente) e preparada em conjunto entre os professores de Biologia, CPG e Laboratório de Redação.
Uma vez que os professores “acertaram” (como dizem os alunos) o tema da Fuvest‑2013, era necessário modificar o tema das aulas 5 e 6 de Lab, caso contrário os alunos ficariam cansados de tanto escrever sobre o consumo… e foi assim que surgiu a necessidade de se modificar o tema discutido nas aulas.
Os professores de Laboratório de Redação Alexandre, Fabiana, Melissa e Renata, em conjunto com as professoras Girlene e Meire, de Biologia, e posteriormente com as professoras Estela e Cândida, de CPG, escolheram um tema que seria abordado nas próximas aulas de Biologia e que já tinha sido estudado no 1.o ano, nas aulas de CPG: o uso da pílula do dia seguinte. A professora Girlene explica: “A escolha do tema ‘pílula do dia seguinte’ surgiu quando a equipe de redação nos apresentou a proposta de usar um assunto da biologia que fosse ao mesmo tempo polêmico e de grande interesse dos alunos. Mesmo sendo um assunto abordado em CPG no primeiro ano, é no terceiro que os alunos estão mais maduros e têm maior clareza de suas dúvidas e posicionamentos.” Meire completa: “Participar dessa parceria foi uma experiência extremamente agradável, tranquila e enriquecedora para nós professores e esperamos que tenha sido para os alunos também.”
A professora Renata, de Redação, concorda: “Para a formação da coletânea, era importante selecionar as informações que melhor pudessem auxiliar o aluno na elaboração do próprio texto. Para isso, foi fundamental a ajuda das professoras Girlene e Meire, de Biologia, e das professoras Estela e Cândida, de CPG, todas extremamente prestativas (final de semana, altas horas da noite) e pacientes para esclarecer as minhas dúvidas (por mais absurdas que fossem) sobre o assunto.”
O “projeto interdisciplinar”, como os professores passaram a chamá-lo, durou três aulas de Laboratório. Na primeira, os alunos – que deveriam ter lido a coletânea em casa – discutiram o tema e escreveram o texto. Na segunda aula, um colega corrigiu o texto do outro, fazendo sugestões, elogios e críticas. Na terceira e última aula, após a correção do colega ter sido verificada por um professor ou por um corretor de redação, o aluno deveria reescrever o texto, baseando-se nos apontamentos feitos.
Agora é possível compreender a fala do aluno: a “ela” em questão era uma colega que havia corrigido seu texto, sugerindo que se trocasse a palavra “camisinha” por um vocábulo mais formal, tal como “preservativo”. Obviamente a professora percebeu a ambiguidade da frase, e não poderia perder a oportunidade de jogar com as palavras. Afinal, jamais se pode perder a riqueza das palavras e, mais ainda, jamais se pode perder a riqueza que a interdisciplinaridade permite…
Fabiana De Lazzari
Veja, a seguir, a produção da aluna Paula Frudit, da 3B1, que teve seu texto corrigido por Tatiana Choi, da mesma turma.