Notas de edição
A torre de barro vigia as nuvens, indo infinitamente até o céu não enxerga a terra e seus pequenos homens. Despedaçando e desmoronando eternamente seus habitantes vivem lhe consertando e ampliando para o céu. Parece já um grande pé de feijão sustentando um grande castelo, e esse pé aumenta como um labirinto, ficand impossível para quem tenta adentrar.
Escrevo este conto para os plebeus que moram em baixo das tempestades e maremotos, das infinitas chuvas que sempre ameaçam diluir as fundações da torre. Aos trabalhadores que trabalham construindo ao redor da torre e tentando criar uma carcaça de pedras em volta da sua fundação, mas eles não tem a capacidade para chegar aos céus.Já os nobres ficam adorando e bajulando os habitantes da torre, que raramente descem para profetizar o fim.
Escrevo para todos, e a todos sei dentre um ou outro irá ler, e estes poucos irão se deleitar na minha estranha narrativa
Prelúdio
A cidade de londres comparada com paris é como um amontoado de fungos que crescem ao redor de um corpo, e este corpo é tão rico em nutrientes que todo tipo de criatura parece crescer, desde parasitas, a belas libélulas. tristemente não há borboletas. já paris seria uma colônia de formigas em volta de algumas pequenas flores metálicas, drenando sua inexistente em vida em uma malha geometricamente perfeita.
Me chamo Basil, sonhavam para o meu futuro em um grande reinado regido pela minha soberana bondade, mas virei apenas um espectador, um narrador com uma grande missão, e seja lá qual ela for devo correr, pois o século passado está prestes a morrer.
A melhor oportunidade de uma pessoa em se tornar um narrador é apenas observar, eliminando qualquer ação em que ela possa interferir na narrativa que acontece na sua frente, praticamente como se fosse um biólogo estudando lobos nas frias florestas repletas coníferas dos alpes suíços. Por causa disso eu posso afirmar minha ausência em tudo que relato, e apesar de haver muitas mortes eu não posso atrapalhar o caminho que a cidade toma e não arriscaria a minha missão com uma simples e fácil morte. Talvez assim eu compreenda o que está acontecendo com o mundo. Ou talvez desse jeito eu perca minha conexão com ele, mas você não está lendo para saber de mim, mas das aventuras que eu narro.
Loucura
Isso tudo começou em uma pequena embarcação que passava pelo gigantesco e famoso porto de Londres, costumamente ele estaria repleto de estivadores e marinheiros passando por toda a sua latitude e longitude, não havendo um canto onde a mão da grandeza de Londres não estivesse presente. Mas hoje ele estava parado, e estranhamente silencioso, o que era muito estranho, e as grandes embarcações metálicas ali jaziam entre a neblina e suas milhares de amarras, tudo preparado para uma fantasma horda de doqueiros lhes adentrar e irromper com sua preciosa carga.
Chegando mais perto do porto, a pequena tripulação de uma minúscula embarcação pesqueira pode no meio de tudo ao longe a causa deste esvaziamento de pessoas. Era uma greve, e os estivadores se aglomeravam nas ruas em frente às docas e marchavam para o centro da cidade, a tripulação chegou cedo como o sol, e assistir presenciar o esplendor desta estranha procissão.
Estes se amontoavam e emaranhavam com protestos e gritos, sons disconcertantes para alguem como eu, acomodado com o coro latino. Gritavam algo natural, um vomito social caótico catalisando uma evolução, uma ameba de pessoas feitas com cinzas e poeira. Um deles berrava mais do que os outros, estivador ele não era, era algum sindicalista famoso com roupas mais chiques do que o resto.
deformado pela sua visão deturpada ele berrava o nome de ideais esquecidos, palavras de ordem como revolução, reforma e socialismo que se espalhavam pelo vento prometendo utopias para todos os grevistas.
Deixei a massa pulsante e fui para a nebulosa cidade, piscante me confundia os sentidos. gritando seu nome, sua anglicanilidade estúpida, sua raiva e seu cinza. ah o cinza, cor natural deste bioma, onde criaturas unicas e deformes com seus fungos em lugar de pele desfilam seus troféus em nome do seu desejo bucólico de se tornar rei.
Loucura você diria, mas talvez quem saiba isso seja o modo em que eu navego a cidade, a caotica cidade de londres, crescida como fungos crescem em cima de madeira podre, e a madeira é rica, muito rica.
Me parece interessante focar primeiro no sindicalista, acho que me perdi e acabei voltando parar no mesmo lugar somente pelo seu magnetismo e carisma, suas palavras que tocam em um sonho incomunmente pertencente a todos. a cidade feita de tijolos e vigas de ferro range em uníssono ás suas palavras, a utopia contada, apenas a imagem a mata, os ignorantes citam suas palavras em uma oração que plasticamente onivóra tudo que passa pela frente, como se a barreira de policiais fosse apenas pó. cidade, mudando tudo, agora pós o esforço de tamanho louco os estivadores dançam e marcham em direção ao grande corpo da cidade, trazendo este infectante sonho para os outros oprimidos, com seus gritos, panfletos que voam e se espalham pelos céus, e gigantescos cartazes aumentam sua presença.
Não fosse por esse estúpido sacrifício não haveria forças neste líder dos estivadores, e graças a isso dentro de um mês sua greve iria fazer com que Londres se curvasse perante os desejos e sonhos do sindicato.
Um dos outros sindicalistas brada uma gigantesco monólogo, e para sua felicidade aqui está uma parte.
” A batalha contra o sistema opressivo tem nos causado muitas perdas, a vida de um não tem valor, a minha não tem! Mas o nosso ideal, os sonhos sim tem uma vida importante, mais frágil do que a todos, que iremos presentear para nossos filhos.O ideal libera a mente de quem ela toca, grudenta e pervasiva ela limpa todos os cantos dessa sórdida cidade! Todas as casas, levadas por pessoas pobres como nós, eu chamo de liberdade, essas palavras irão um dia nos libertar de nossas grelhas em troca de nossas vidas, mas nosso filhos viverão e lembrarão de seus pais pela luta que eles passaram para lhes libertar !”
Em um canto de uma escura ruela, uma puta encostada em um poste, ouve o monólogo, quieta, lembra de seus filhos que tem de alimentar, e no fundo da alma sente uma verdade silenciosa, uma fonte universal de prazer que lhe traz, ver as suas crianças se tornarem adultas e alguem na vida, não lhes desejando o triste destino de todos os proletários. Mas sabe que o final, que seus filhos terão de vender sua força de trabalho por míseras quantias, se subjugando a loucos e dementes que lhes colocam dentro de prisões e em baixo de quilômetros e toneladas de terra, ou de chaminés que sugam sua energia em um ritual incessante, o desejo incessante de se libertar quase morre mas resiste como uma semente imortal em seus corações.
Os planos da revolta continuam enfraquecendo, o comportamento da massa é mais como pulsações de um coração, um tumor benigno que desiste de mudar o corpo, ou uma evolução combatida, seus líderes, na maioria incompreendidos solitários loucos que um dia vão se deparar com a verdade que é o sacrifício de seu sonho, uma só verdade, uma só linha. a puta em compensação, continua seu dia e volta para o bordel, seu chefe é uma grande e gorda mulher, em comparação com o ruivo irlandês que era o líder estivador ela estaria para uma farta e rica burguesa, sugando de suas protegidas o trabalho e suor de seus dias. o melhor talvez seja que nessa dominação, um pequeno segredo seja trocado entre as mulheres, a identidade do estivador não é segredo para estas mulheres, e assim talvez o conhecimento prossiga lentamente para as mãos da pessoa errada, e a pessoa errada é a sua chefa.
Ah, civilização, talvez seja o momento de entender os seus vícios, acompanhemos a dona do bordel, em mais uma de suas rotinas. ela sai de seu pequeno escritório para passar em sua central, onde comanda seu majestoso império. na carroça há um colega dela, que desde o começo sempre foi seu guarda costas e agora ajuda a administrar toda essa fortuna.
“meu caro amigo, talvez seja importuno para alguem ter um corpo tão grande, mas é quase impossível eu resistir a engolir pedaços da cidade inteira, olha só como as luzes são magníficas nestas horas, você não acredita que a rainha deve passar por um pesado regime? ela tem quase o mundo inteiro, eu eu aqui aumentando mesmo mantendo uma dieta saudável!”
” hahaha! não seja louca, não teria como comer parte da cidade, se pensasse mais em você do que dinheiro a sua vida iria melhorar! pelo menos ainda não acabou o mundo.”
” loucura! o mundo vai acabar, um dia não haverá mais terras para onde expandir, e mais lugares para conquistar!”
” ai, nesse caso, eu respondo que a melhor maneira é aproveitar enquanto ainda temos o que dominar!”
Os dois explodem literalmente em risadas, talvez a melhor forma de dominação dos medos em uma cidade, feita de frígidos que temem o mundo, mas quem sabe eles são os que estejam corretos.
Chegam em um clube de luta, o animal dominante sobe para seus aposentos, onde ela comanda com punhos de ferro um ringue no meio de uma enfurecida multidão, e uma grande quadrilha de mal encarados lutadores que controlam todo um bairro de londres, não há nada que ela não tenha em mãos, desde contrabando, roubos, assassinatos, mutilações, proteção, casas de ópio. quem sabe algum dia ela passe para o controle dos panfletos e jornais dos sindicatos, ou mesmo em manifestações ou greves, o mundo é cheio de meios e modos.
Hoje quem vem lhe ver é um mendigo, habitante dos esgotos, e ela ao lhe ver tampa o nariz e começa a falar de uma estranha maneira.
” vagabundo, eu quero que você me conte onde está o grevista líder!”
” Agressivade nunca foi seu forte, palavras vazias eu lhe julgo hoje!”
” não me tente! eu não estou para armadilhas linguísticas!”
” eu acho que ouço o coro do povo falar em uma greve, mas apenas em uma voz fria e metálica. Talvez ordenada como a de soldados preparados a levantar, e seus comandantes libertam-se de estratagemas rigidos como o seu. O que você quer que eu diga para ele?”
“nada quero saber mais, apenas o nome dele para eu lhe poder amaldiçoar para um sofrimento eterno! vá!”
” Os guardas romanos sempre protegeram os templos dos deuses, carregando as cicatrizes das batalhas. Mas todo soldado precisa de um pouco do pão feito pelos plebeus e roubado inteiramente pelos patrícios, eu e meu sócio precisamos de uma informação”
“Cale a boca e me conte o que quer!”
“o endereço da mansão, aquele famoso nobre, quero saber onde ela está escondida, sei que ele é um de seus ávidos clientes”
” rua shandy, agora vá embora antes que eu te jogue no ringue!”
” muito prazer fazer negócios com a senhora, e espero que vosso nome causa dor a seus oponentes.”
Esse mendigo é peculiar, ele somente aparenta se isolar do mundo, mas lida com ele em questões de informação, seu sócio é apenas imaginário, e ele prefere rondar dentro dos esgotos, entra em um bueiro e começa a andar por esse estranho sistema de veias que estão escondidas na cidade. ele acende uma vela ao esfregar uma mão no pavio, e começa a conversar com seu pretenso amigo, não há ninguem por kilômetros e mais kilômetros dentro destes túneis, de vez em quando há um mendigo ou alguma estranha moradia, mas não são considerados como cidadãos por sociologistas, mas como partes que fogem do sistema, detritos que podem ser esquecidos por não compartilharem o mesmo sonho e ideal.
O mendigo chega em baixo da mansão, ele para e ilumina um canto onde há uma pequena recessão dos tijolos, algumas pilhas de pedra cobrem um esqueleto.
” nossa como eu senti saudades de seu corpo, pelo menos agora você pode parar de encher o meu saco e ir embora…. ele podia ter ido embora pelo menos dizendo adeus, mas quem sabe ele tenha me deixado algo de presente.”
O mendigo chega perto do corpo e vasculha as ossadas, não há nada de interessante além de retalhos, e escondido nas águas fétidas do esgoto, uma pequena caixinha de marfim, o que será que ela guarda. ele a abre, seus itens haviam sido destruídos pela água, cartas totalmente dilúidas, algumas joiais para iluminar os olhos tão ressecados, e uma chave.
” sabia que você não ia me deixar na mão, pelo menos podia ter falado de seus planos…. hehehe! safado, sempre pensando no futuro”
O mendigo guarda a chave e as joias, joga a caixinha fora e começa a assobiar empolgado uma canção que aprendera nas minas de carvão, ela cantava sobre o claro e branco céu, o inferno que lhes aguarda quando a terra lhes abraçar, desde o escuro eterno e a unico tremer da luz de pequenas velas, a morte é algo banal na visão destes, e espero que ela venha para eles, a música realmente é de mal gosto, principalmente quando fica ecoando em todos os esgotos, como o espectro do seu falecido amigo.
Uma fria neblina
Um falso moinho range em meus ouvidos, talvez seja o aquecedor à carvão no porão funcionando, ou a fumaça que cobre nossos céus, gritando de alegria por ver o sol. facínora egoista, e eu aqui no frio dessa mistura hedionda que me causa tuberculose, tossindo e morrendo na mistura de tanta poluição e neblina, da minha janela vejo apenas o cinza, e a morte deitada na minha cama me seduz. eu iria enfiar minha cara eu seu busto mas a minha visão me manda escrever, talvez alguem mais sábio ache o coração do futuro, talvez eu apenas morra em vão com um tiro na cabeça, meus pulsos cortados, e uma grande hemorragia, meus órgãos não aguentam a tanta bebida, a querosene da minha lampada se esvai, as velas criam um sebo na superfície de minha mesa, o papel emudece com a neblina, e o óleo da minha datilógrafa ameaça falhar. antes houvesse uma datilógrafa perfeita, funcional, e apaziguável, estas teclas emperram de idade, mas nada, nada pode substituir o meu amor por ela. ó fonte de meus sofrimentos, venha deitar em meu leito junto com a morte, e descobriremos em que anais da história o homem foi expulso do paraíso.
Voltemos às ruas, tomado meu charope medicinal, e a tosse diminuída, não pude deixar de perceber que o sangue de minhas tosses diminui, talvez seja este barulho que habita meu quarto que me trata, ou a poluição, mas uma coisa eu sei. as putas dos melhores cabarés são realmente inglesas, não somente pela majestividade de seus palácios burgueses, mas por seus sorrisos afãs, suas risadas coloridas, seus bustos carnosos, e bochechas plenas. como eu adoro isso tudo!
A nossa amada, querida, e gorda senhora se arruma para uma visita especial, em seu escritório não há ninguém, ela não é vista em quase nenhum lugar, e subitamente um gordo frade entra. sua semelhança é assustadora, que praticamente nos assusta, estaria ela em uma fantasia realizando um dos sonhos sexuais de seus clientes, mas estranho que ela não suja as mãos com este trabalho, então seria seu irmão, ou simplesmente um frande? suas palavras realmente parecem vir de uma onívora burguesa, talvez realmente seja ela. a feição, a fala, os palavrões, me sinto estúpido por não notar tão rapidamente, talvez seja hora de cortarmos essa bagunça e viermos com explicações.
Ela monologa sozinha que não há uma real identidade sua, todos são papéis que ela usa para seu desejo de manipular, o seu hábil uso de maquiagem domina a sua aparência, e a gordura é um sinal onipresente em burgueses ricos, além de frades banqueiros, todos cheirando a gordura e um pouco de querosene. ela se vira para uma lamparina.
” minha querida, incendeie o meu mundo com esse incenço que é a querosene, produto industrial, movimente as chamas de meus largos seios, despeje em mim seu cheiro, mas tudo sem intenções sexuais, pois sou uma mulher de bem, esta importante e amada querosene é o item sagrado do novo mundo, industrial em sua essência, químico em sua natureza, orgânico em suas moléculas, passe para mim o seu espírito, a corporação deve aumentar”
Eu falaria que uma mágica aconteceria, e ela iria brilhar, voar e aumentar, mas isso simplesmente não acontece, pelo menos sem quebrar a física de newton sobre corpos celestes. acredita-se que eles sejam atraídos um pelo outro por causa da gravidade gerada por sua gigantesca massa, engraçado que não colido com corpos tão grandes. mas isso explica os corpos menores subordinados a ela serem tantos, satélites naturais que a protegem e seguem suas ordens, como se fossem pálidas luas que brilham no escuro para fomentar uma corporação tão massiva.
A frade toma seu caminho e prepara uma reunião entre bispos, um grupo de padres apostólicos planeja pregar a palavra de roma aqui na inglaterra protestante, a palavra deles, errada como sempre irá contra os interesses de burgueses que aproveitam do fundo beneficinte do nosso amigo frade. talvez isso seja algo bom, a palavra de deus deve ser protegida, tanto quanto seu dinheiro, o coração de todas as coisas.
Há algo passando na mente do mendigo, ao vê-lo lhe percebemos a nova indumentária, uma roupa elegante, algo bem nobre, pomposo e com ares bem de ricos boemios e hedonistas. apesar de ainda estarmos no esgoto, os variados frascos de perfume e as várias velas transformam o lugar em mua área habitável, ou até como um paraíso no meio de todo aqueles fétidos dejetos, aquela merda massiva que bóia e passa entre suas pernas. em sua frente há um pequeno altar, com uma caveira, o mendigo e contempla e se prepara para um monólogo revelador, como se fosse um padre prester a ordenar uma missa ou um coro, se soubéssemos de quem era o crânio a situação podia ser mais reveladora, mas podemos assumir que talvez seja a do seu falecido companheiro.
“esta chave a que agora guardo nesta corrente em meu pescoço…. fermentada por fungos do teto de nossa passada casa, e que foi decomposta por essa água pútrida, agora segura o meu futuro, talvez meu pai esteja me vendo do céu, e agora ele saiba a verdadeira razão por ter escolhido este nome, Jack de espadas é interessante como um personagem de uma peça shakesperiana, talvez como um louco. mas meus anos de atuação estão atrás, e quem sabe transformar os anos de açougue em algo melhor, é estranho, como o mundo fecha e nos libera estranhas oportunidades, de um ator, para um sequestrador de jovens donzelas, e disso tudo para um quebradro mendigo…. como você falava minha amada, a mente humana é algo estranhamente corrompido!”
Ele sai saltitando pelos esgotos, deixando seus cabelos soltos flutuarem pelo ar, parece um fantasma nesse estranho cenário. volta agora para onde havia seu antigo amigo, e em uma estranha virada de caminho e estreitos percursos chega em frente a uma porta, ele poe a chave no trinco e a abre facilmente. a água fétida começa a inundar o lugar junto com seu cheiro, mas acho que não haveria como piorar esse novo estabelecimento, um escorredor para algas pelo que parece, plantas crescem em todos os cantos e ao redor dessa sala há uma escada que sobe quase que uns 30 metros, tudo percustado por ferros e grades, e das paredes pequeninhas janelas nos mais altos recantos deixam a luz precustar. Jack não está acostumado com tanta luz e é forçado a esmiuçar os olhos, não é sempre que ele toma uma nova forma, é como se fosse um parto.
No alto há um longo corredor, com uma entrada para uma sala de banho, Jack se limpa e prepara seu corpo com todos os sais aromáticos, sua pele encrustada com o esgoto demora para ser limpa, a gordura de porcos é um estranho material para limpar a pele, mas é funcional. o recinto anexo é um vestíbulo todo apudorizado e repleto do cheiro de prostitutas, e para surpresa de Jack há um nobre que o reconhece, este lhe olha o corpo inteiro nu, e depois de fixamente o olhar, aponta para roupas dentro de um pequeno armário.
” eu nunca esperei lhe encontrar aqui…”
” vejo que ainda usa toda a regalia de sua indumetária, uma peruca nunca foi seu jeito, pelo menos continua verdadeiro”
” tristemente meus avôs ainda o usam, é tão século passado, parece mais algo de cadáveres de enterro”
“olhe pelo lado bom, pelo menos eles estão preparados”
“verdade, homens visionários como nós não merecemos viver perto deles, por causa disso nos unimos, mas você nos abandonou”
” hahahaha! eu nunca morei ou vivi junto a você, eu sou um pobre, você um nobre, nosso sangue não é compatível”
” besteira, foi você quem me corrompeu, talvez seja hora de você me mostrar do que realmente é feito, ou aquela conversa de superioridade não servirá de nada, apenas palavras vazias”
” ah, mas elas são comprovadas por filósofos, hegel e kant nos festejam, pois realmente há algo maior do que as classes, uma diferença lógica”
” conversa de psico, esses retalhos de loucura e psicopatia nunca foram defendidas por pessoas que nem eles, apesar de haver vários como nós, não há um falso moralismo, filosofia ou objetivo que nos dê tanto poder sobre os outros, além de que você não tem a capacidade mental para citar estes autores”
” verdade, eu afirmo que nesta parte eu falhei, mas os sofistas sabiam que a palavra é a única coisa concreta que existe, e um dos dois falava que pessoas são demônios.”
” mesmo assim, isso não explica tratar os outros como lixo, talvez seja melhor ver que você é o lixo”
” o amor pelo mundo é profundo, e caso haja algo a mais no mundo…”
” deus foi morto por seus próprios seguidores, ele nunca realmente existiu”
” o futuro nos juntou novamente, e sei que você quer algo de mim”
” acho que eu deixei isso escapar …. mate o frade”
” pera, ele é quase um dos nossos, nunca deve levantar a mão contra um dos nossos irmãos!”
” eu sei…. há, ainda há espadas nestes armários, mas eu não sei qual a sua razão para voltar para cá! claramente te vejo em campos verdejantes, com seu rifle de caça e livros de história”
” um longo romance com artistas me leva a chuveiros inúmeros, e a fumaça e ópio neles deturpa a visão, talvez você o tenha visto, mas duvido”
” putas e artistas, sempre foram sua fraqueza, bem, vou pagar meus pecados, e um pouco dos seus, a morte cai bem para demônios”
” patético, odeio linguajar religioso…”
uma prostituta sai envolta em uma toalha de uma das salas de banho, Jack a mata em um piscar de olhos
” odeio essa parte…”
” Jack, só vou te falar uma coisa, eu nunca te vi aqui, melhor eu sair, meu papel em nossa comunidade não pode ser enfraquecido, agora cumpra o seu…”
O nobre sai da sala em uma das várias portas em uma rápida passada.
Agora iríamos ver uma cena infanto juvenil onde alguem traumatizado e sexualmente frustado iria refletir no mundo seu sofrimento, mas como é Jack de espadas não posso parar de esquecer que ele não é normal, ou perturbado, talvez outra coisa, eu tambem deveria usar essa cena para caracterizar melhor o ambiente, pois como você deve saber aqui é um bordel luxuoso, onde proeminentes membros da sociedade habitam para entre suas salas poderem cometerem suas loucuras, e pecados. bem, nunca acreditei que o vermelho fosse uma cor burlesca e lasciva, talvez libertina, mas nunca pensei em algo assustador, talvez uma pessoa normal se traumatizasse com tanto vermelho, mas Jack é um exímio espadachim, não tenta cortar tendões, nervos, músculos fortes, mas veias, e órgãos intestinais.
Mas acho que uma redecoração é de bom gosto, talvez o escuro das chamas fosse algo mais interessante, uma nova mudança, se comparássemos este estabelecimento a um coração poderíamos ver que não há muito a ser destruído, ou que talvez seus pulsos são estranhos e eles tendem ao seu centro, um verdadeiro coração deseja espalha seu sangue para todo o corpo, mas este órgão é deformado, quem saiba este não seja o correto, e os vários lugares e suas peculiaridades não sejam o coração da cidade, tristemente acho que isso não seja o caso, pois caso fosse seus seguranças não iriam cair tão facilmente e Jack não chegaria tão facilmente no coração de tudo, o frade.
“bastardo, tu deves morrer!”
“filho de deus, rejeite seus pecados agora e talvez o senhor lhe deixe entrar no céu”
O frade pega uma espada e aponta em direção a Jack, mas a diferença de habilidades é muito grande, não há mais o que fazer, apenas rezar para que o bendito frade sobreviva
“não venha com estas lamúrias, eu sei que você ainda reza para os antigos deuses, os seus espíritos morreram, e seu deus do sol tambêm, somente há a neblina que cobre o mundo, e as chamas industriais, elas irão devorar tudo”
“blasfêmia, deus irá me proteger, assim como ele me pôs aqui, ele irá me proteger”
“verdade, ele te pôs aqui para morrer!”
Jack rapidamente enfia a espada no frade e este cai no chão ensanguentado, e antes que pudesse falar o sangue começa a brotar de sua boca e apenas se ouve um gargarejo leve, e após dois segundos o silêncio. triste isso, tanto o fato de um homem de deus ter morrido, quanto o de um personagem com tanto potencial ter sido jogado fora tão rapidamente, e sem uma frase de impacto para ir embora junto, pelo menos eu brinquei sobre esse fato, ah como eu adoro a minha vida, tão surpreendente e cheio de viradas.
mas caso ele pudesse ter dito o que desejaria falar eu lhe daria a fala
” você não sabe o que fez…..”
Isto iria atiçar a curiosidade de Jack, e quem sabe lhe colocar no caminho errado. mas como Jack é Jack, ele iria para o caminho certo.
Ultimato
Dizem que no meio de uma movimentada praça ladrões correm soltos, e que fortunas são feitas rapidamente em bolsas de valores, mas entre os dois, o melhor é o da praça, principalmente quando se tem uma bela de feira de antiquarias raras, e nesse caso maioria dos passeantes são ou nobres vazios, artistas perdidos, artesões ricos, burgueses esnobes e socialites inspirados. pelo menos os socialites compreendem melhor a situação e conseguem tirar proveitos, já os comerciantes conseguem roubar bem dos nobres e burgueses, artesãos que trabalham em empresas passam para entender o que seus antepassados faziam, ao contrário deste novo grupo que ficou rico construído horríveis monstruosidades tecnológicas em fábricas gigantescas. e temos os perdidos artistas, acho que na verdade estes sejam os que compreendam melhor e se inspirem mais no meio de tudo isso, é como se fosse uma troca, você dá algo para uma outra pessoa e ela lhe retribue com alguma coisa, todos saem ganhando, os nobres e burgueses ganham um pouco para tentar preencher seu vazio, os socialites simplesmente socializam, os comerciantes ganham dinheiro, os artesões conhecimento.
Dentro deles, há um pequeno e simples ladrão, disfarçado de artista, pelo menos ele consegue se deliciar em uma bela gravura na lateral de um rifle, ela depicta a batalha de waterloo, mostrando do gatilho até o cano como se o atirador fosse o exército britânico com seus poderosos canhões e fuzis destruindo o exército francês. ou uma iluminura feita por um padre mostrando a virgem maria carregando o salvador, ele não se importa com a mensagem, mas o jeito que as roupas são representadas, uma inspiração das obras gregas antigas, as pregas, muito fluido e natural, ou contrario de alguns mozaicos bizantions, apesar que em algumas de suas igrejas há belísimas se não maravilhosas gravuras, pena que a arte de representação do rosto dele foi simplificada por causa do simbolismo. como os iconoclastas foram uma horrível praga em constantinopla.
Agora sua visão passa para o ambiente, uma grande feira em um parque público, a praça onde eles estão é circundada por muitas árvores, que parecem proteger as pessoas da neblina, ou talvez seja os postes iluminados que atrapalham a sua profissão. tudo isso em coincidência com o seu trabalho de hoje.
” ah, meu caro jovem. quiças fazer aqui? aprecia tanto assim os trabalhos de minha familia?”
O ladrão saiu do transe e olhou para o vendedor, era um desses orientiais pequenos com um grande bigode, parecia mais uma caricatura. e na sua mão havia um pequeno boneco de samurai, era bem interessante, havia atrás uma manivela que movia as mãos do samurai. toda vez que mechia na manivela o samurai sacudia sua espada, fingindo dar um golpe, mas parecia mais que ele queria se livar dela ou jogá-la fora.
“adoro, o tecido de seda é maravilhoso, as engrenagens dentro do boneco já são algo que tenho dificuldade em compreender”
“ah….. isso é um dos antigos segredos de família, temo que não posso contar.”
” nada me impede de comprar o objeto e …. ainda assim, estranho, eu poderia abri-lo no meu estudio”
“hahaha! eu sei que você não vai nem comprá-lo, mas o que procura está no meio de alguns nobres”
“que bom, qual deles irá pagar meu almoço hoje?”
“o quadro, o menino azul é uma peça valiosa, alguns matariam para obtê-la…”
” e os burros vangloriam-se do perigo que correm, bem… eu acho…”
“nem tão rápido, você ainda não me pagou”
o ladrão paga com dez libras
“só isso?”
“eu te pago se descobrir se o brinquedo presta”
Ele coloca o boneco de volta no lugar e vai novamente para o meio da multidão, enquanto o chinês fica olhando para as suas costas, ele parecia alguem, mas não sabe quem. por um estranho impulso retira do meio de várias caixas um velho jornal, o rosto do ladrão está caricaturado como líder grevista dentre os estivadores
“é, o boneco presta, agora cadê o meu dinheiro?”, o velho sabia que o ladrão estava longe já.
Os cabelos soltos do jovem cobriam uma parte do rosto, o amarelo das lâmpadas a gás lhe deixavam loiro, mas seu cabelo era realmente preto como a noite. suas roupas cinzas constratavam contra as roupas coloridas dos nobres que agora estavam passando por ele, no canto mais longe havia um pequeno círculo de perucas brancas, e no meio deles algumas jovens ruivas acompanhando-os, apenas um jovem se mostrava estúpido o suficiente para conversar com estes velhos juízes, suas roupas pretas ressaltados por detalhes dourados, seu cabelo azulado destava a estranheza do ambiente.
” pateticamente, eu não me privelegio da vida das pessoas, elas apenas roubam de mim.” o nobre contava sobres como ele sofria em sua residência, tendo de ceder uma minúscula parte de sua fortuna para pobres tão incompetentes. no meio de toda a praça, mãos passavam nos quadris de outros, roubando dinheiros de bolsas, a festa havia começado, e o bolo estaria para chegar.
“perdão, ouvi falar que o senhor tem uma grande galeria particular”
O nobre de preto virou em direção ao ladrão.
“sim, eu adoro a minha galeria, eu tenho no total 40 obras, e estou prestes a expandi-la com mais uma obra”
“ah, acho que sei qual é, em veneza se foi vendido em um leilão a obra o menino azul, foi uma quantia enorme”
“sim, o mais estranho é que o vendedor se manteve, não fui eu quem comprei, a minha é uma alegoria de faunos atacando um espartano”
” hmmm, tenho certeza, algumas vozes me disseram que ela havia sido trazida por um famoso frade, e estranhamente ele havia sido morto”
“que bizarro, mas o que aconteceu com a obra?”
“ela supostamente sumiu, deveria estar… muito estranho, foi um grande escândalo. tanto que a igreja anglicana nega ele ter sido um, nem a prebisteriana, ortodoxa, ou católica falaram algo.”
” muito estranho, e por que você acha que eu teria a ver com essa peça”
“ah, só olhar os policiais cuidando desse círculo, tem alguns olhando pra você, não como se fosse uma testemunha, mas como se fossem seguranças, e acho que espadas lhe fazem pular algo na memória”
O nobre lhe olha com um escárnio frio, mas rapidamente percebe um brilho similar nos olhos do artista
“me siga”
Os dois se sentam um pouco longe da multidão, agora no mundo deles isolados de coisas falsas, o nobre se sentou e pegou um grande cigarro de um de seus bolsos, o acendeu protegendo da intensa neblina e começou a olhar o artista, parecia o primeiro encontro de um casal, alguém deveria liderar, e o mais astuto ficou quieto
“me fale mais de você”
“eu não tenho uma identidade fixa, apenas um rosto”
“sua caricatura esteve no jornal, mas ele era pequena, e maioria das pessoas não consegue reconhecer personalidades no meio de multidões”
“e meu rosto é comum”
“sortudo, ao contrário de mim, eu tenho feições de um nobre, principalmente a de uma puta eslovaca, ai todos ficam me olhando.”
“talvez sua mãe tenha sido uma puta eslovaca”
“ah, hahahaha, sim, ela foi uma princesa eslovaca, e sempre foi desgostosa com o pais, ela sentia saudades das escuras florestas que habitavam todas as redondezas, aqui somente há pequenas florestas, e quando eu visitei sua terra natal, realmente…. pessoas morrem se se perderem ali.”
“interessante, e Jack?”
“primeiro! me fale como você o conheceu, ai vou saber mais de você”
“acho que saber seu nome já prova que sei de que lado estou”
“verdade, mas temos espiões por todo lado”
“eu o encontrei de uma forma bizarra, era noite, e ele apenas surgiu vindo do tâmisa, eu estava nas docas e ver ele surgir no meio do nada foi assustador.”
“qual o assunto que você vem discutir comigo?”
“alguem me falou que você teria algo para me contar, ou melhor, algum trabalho para mim”
“nunca é ruim ser precavido o suficiente… o roubo foi ontem, um dos que está na multidão conseguiu roubar o quadro antes de mim…”
“mas todos acham que você tinha comprado o quadro desde o começo! mesmo que tenha sido o frade, você já tinha o esquema com a polícia!”
“calma! então, ele conseguiu chegar antes de mim, e parece que ele tem um certo valor sentimental para sua irmã….”
“e vários segredos”
“a tinta guarda inúmeros, todos que você não deve querer saber…. roube a pintura e coloque isto…” ele entregou uma carta fechada, nela havia um selo, havia um leão e um ganso, provavelmente nenhuma família muito importante “… eles compraram a polícia mais do que eu, estranho, e meu pai que é o novo superintendente de inteligência”
“ele é um dos de peruca?”
“é, e parece que agora ele quer tomar o controle de toda a academia policial de stanford”
“pouco em pouco?”
“sim, já falei demais, o pagamento será interessante, uma cabeça por outra, agora vá”
“eu não vou conseguir pegar o quadro, ele é muito grande”
“entendo…. então só coloque a carta”
O artista saiu com a carta, pensando em quem domina a polícia, essa estranha família de ladrões ficou muito grande, será que a rainha estava em alguma dessas novas famílias? ou será que os inspetores de scotland yard a mantêm isolada desse novo mundo? o ladrão chacoalhou suas perguntas para fora de sua mente, elas eram perigosas no trabalho, principalmente quando precisava se concentrar.
Juízes não ficam costumeiramente ricos, mas nobres influentes que acumulam cargos como um pequeno rei sol costumam se vestir de acordo, com longas perucas, muitos ajudantes, um grande palácio repleto de artes. nada muito importante poderia ser roubado, o plano estava feito, mas um desses gordos primatas não dá valor para seus troféus, principalmente quando eles são obras magníficas.
O campo não era movimentado, o ladrão começava a sentir a falta da úmida neblina dentro de seus pulmões, quase o suficiente para que ele sentisse uma dificuldade em respirar, o ar era muito puro, e maioria dos londrinos não conseguiria viver sem a sujeira.
Pradarias verdejantes se espalhavam em todas direções dos trilhos, não havia mais civilização, apenas retratos refletidos em tempos longínquos. seguindo uma estrada de terra ele chegaria em uma grande mansão, não havia lugares onde se esconder, e alguns policiais estavam escondidos entre as árvores, outros eram apenas camponeses que não tinham nada para fazer e provavelmente foram pagos para vigiarem o terreno. mas tudo isso era moleza para este ladrão, não havia nada mais do que escuridão para ele, e os parvos dormiam em seu trabalho, o maior problema era a clareira, ou melhor, o jardim gigantesco, um grande labirinto envolvendo os vários prédios que se torciam ao redor de tudo, a clareira era pouco para essa densa armadilha.
Respirou fundo e adentrou este inferno verde, de vez em quando alguma flor crescia entre tudo, com vibrantes cores, o que marcava certos lugares, e possibilitou que este percebesse estar andando em círculos, e andando na direção oposta apesar de mostrar novos caminhos apenas lhe deixava andar ao redor e entre os prédios. até ele chegar na frende de uma pequena fonte foi ai que percebeu não haver entradas normais para os prédios, a fonte era dourada, decorada de anjos que seguravam estranhas peças geométricas parecendo fazer parte de um estranho compasso, este estava quebrado no centro da fonte e anéis giravam ao redor desse, ele fez o óbvio e os encaixou, nada aconteceu.
Na distância havia uma pequena capela com um gazebo, naturalmente chegou neles e para sua surpresa eles eram encobertos por frondosas árvores, criando uma gostosa sombra. não havia nada na capela além de uma cruz e uma corda para o sino, no gazebo havia um relógio solar, estranhamente colocado onde não haveria sol. tudo era muito bizarro. um jardineiro saiu para a sombra e olhou estranhamente o gazebo, e de resto apenas podemos dizer que se espantou ao ver o gatuno.
Agora estava fácil, achar a grande obra no meio de várias, pelo menos ela ressalta da quantidade de azul, e colocar a carta na frente dela foi muito fácil, não havia ninguém. a volta foi mais fácil ainda, estranho para um lugar que deveria estar repleto de guardas ou nobres, pelo menos encontrar umas nobres libidinosas limpando sua pele em um quente banho seria bom, o cansaço nos ossos do ladrão apenas o deixava sonhar em um banho termal desses, mas saberia que iria morrer se cedesse à sua exaustão. ele foi dormir no topo de uma árvore acomodado o suficiente para passar uma semana, escondido dos seguranças, e se alimentando de frutos silvestres até ver a cena, policiais chegaram em grandes números, os estabelecidos no lugar estavam perdidos, até que um suposto detetive chegou no meio de toda a multidão e deu algumas ordens, eles entraram no labirinto, o resto agora estava nas mãos do nobre.
De volta em londres, um advogado se prepara com todas as pompas de um promotor, o acusado era um nobre que supostamente havia pago alguns policiais para roubar o quadro, além de muitos outros crimes hediondos contra o estado. a mídia foi incitada por terceiros a criar grandes e espalhafatosas manchetes, a população iria gritar e chorar pelo sangue de alguem que iria representar toda a corrupção do sistema.
O processo foi lento, e para a tristeza de alguns juristas não vamos representar aqui o que foi dito por um juiz acusado que se representava, um juiz que tentava lhe proteger e um sábio promotor que queria lhe ver morto. pelo menos as evidências foram fáceis de identificar, uma carta selada relatando planos de roubo do quadro. e o quadro, a parte mais triste foi o quadro não aparecer no tribunal, acho que seu azul distoaria com a sala marrom. houve uma confusão de nomes por parte de quase todos, e no final quase nada foi feito neste dia, mas as posses foram confiscadas totalmente. posteriormente alguns jornalistas irão publicar trechos da disputa, vendo em um caderninho de um deles há muito o que ler.
” milorde, o quadro foi comprado anonimante e encontrado posteriormente em sua mansão. porém boletos de transporte indicam que um item de tamanho similar estava na posse do falecido padre. a carta encontrada indica sua ordem pessoal para o inspetor abram transportar pessoalmente a peça até o quartel e de lá colocá-la em uma carruagem, você encontrou com o último em vários eventos sociais, não haveria algum outro membro que tenha ajudado no planejamento, incluindo o assassinato de dezenas de pessoas?”
” objeção meritíssimo, o promotor não pode me acusar de algo que eu não cometi!”
” objeção sustentanda! promotor, mantenha apenas a perguntas que não afirmem o que não foi provado ainda.”
” meritíssimo! não há nada que descomprove sua participação, a necessidade de pressionar o acusado por provas é necessário para o júri!”
“silêncio promotor! mais um palavra e você não terá direito a dirigir mais questões para o defensor!”
“retiro a questão.”
O dia foi lento, na biblioteca do tribunal o promotor procura entre milhares de leis compiladas em gigantescos livros algo que lhe deixe em posição superior, algo a quebrar o silêncio.
“acho que você deveria talvez questionar a relação entre os dois juízes”
O ladrão sai do meio das estantes.
“não, ele vai questionar a minha autoridade e querer me mostrar como incompetente. eu sou inexperiente demais para puxar algo assim.”
“é, aqui não é como um baile. talvez usar apenas questionar a coincidência, perguntando se ele sabe de algo, os…”
” não funciona assim, tem algo de sistemático nesse julgamento, pelo menos com as pessoas ele não me destrói tão fácil”
” entendo, então as use contra o juiz, ele é seu maior inimigo!”
” vai ser difícil, posso tentar apelar para questionar o inspetor, e conseguir quebrar o juiz através de testemunhas de caráter….”
” talvez os policiais que ajudaram o inspetor….”
” não… vá, acho que tem alguma coisa aqui nos livros, apenas vá embora, eu te retribuo assim que o caso acabar, indepente do resultado, agora vá…”
O ladrão ficou calado, o nobre parecia tão triste ali perdido entre os livros, como se fosse um papagaio preso em uma gaiola de estantes infindáveis e com suas asas cortadas, triste. preso em um habitat que não lhe pertencia, corvado sobre papéis intermináveis. agora sua parte era esperar com certo receio pelo final, era óbvio o sentimento de perdição do nobre, ele provavelmente iria perder, não fazia sentido ele estar ali, um advogado de verdade devia estar em seu lugar.
Impaciência é ruim para a vida, o stress destrói a mente, e estraga os prazeres da vida, acelerando o processo criativo pode ser prejudicial. talvez seja isto passando pela cabeça do ladrão, ele abandonou a arte pelo que ele mais sabe fazer, ficar deitado no telhado de casas de ricos burgueses e roubar, como o bolso das pessoas é solto, e o vento fresco nas alturas, parece até que não há poluição, o ar parece tão límpido.
Sinais
O gongo batia meia noite, o sol mostrava apenas o entardecer. Talvez o big ben estivesse louco, ou quebrado. as engrenagens rangiam dentro de seu músculo mordaz, o ferro que gira em todas as direções espalhando seu preto sangue por todos os lugares. Não demorou muito para que criticos do governo lhe usassem como uma metáfora da situação atual, alguns parlamentares tomaram como missão pessoal consertar o big ben, tristemente não sabiam que ia demorar tanto tempo, já no terceiro dia a notícia não chocava tanto e os críticos já se cansavam de repetir a mesma metáfora.
O maior problema era que todas as engrenagens estavam coesamente unidas, mecher em uma iria interferir nas outras. A engrenagem emperrada já havia sido trocada até o quinto dia, mas por mal planejamento e análise algumas rachaduras apareceram, mantendo o barulho.
A maioria da população já estava acostumada no sétimo dia e cessar desse barulho seria ensurdecedor.
Eram sete artesãos, inicialmente apenas três, mas posteriormente chamaram renomados nomes da engenharia mecânica. Um francês, um britânico, um russo e um eslavo, mas como todos estavam cobertos de graxa seus rostos e uniformes, não temos como reconhecer nenhum dos sete. Mos podemos afirmar que isso era devido ao trabalho exaustivo, estes concentrados e perdidos nas camadas de graxas envolvendo o maquinário gigantesco tiveram de alavancar e abrir caminho entre as peças, perdidos por horas em lugares onde não havia sol.
Na rua uma multidão de idosos se aglomerava para reclamar do barulho, três policiais que passavam pela rua enconstaram na parede para assistir, um deles pensava se conseguiriam bater em todos os velhos, já o outro olhava o horizonte e ficava sonhando em quando seu turno iria acabar para voltar aos braços de sua noiva, o terceiro apenas olhava os dois parlamentares na entrada do big ben.
Fazia tempo que um parlamentar aparecia em público, mas tristemente não há biólogos ou jornalistas para estudar o espécimen e relatar este estranho caso para a posterioridade.
Às duas da tarde, um dos proletários saiu da escura porta e veio lhes avisar sobre os novos progressos e novos problemas.
” Senhor Tout, acredito que avanços seriam de bom agrado para a Rainha e seus súditos.”
” O rotor principal está funcionando, a viga central está posicionada e equilibrada, e a transferência do movimento funciona, vamos terminar em menos de vinte e quatro horas.”
“Graças à Rainha! Muito bom, se terminarem tão rápido eu certificarei pessoalmente de que sejam muito bem recompensados.”
” Mas temos um pequeno problema.”
O parlamentar ao ouvir isso abaixou a cabeça, retocou a roupa e o chapéu e evita de olhar para o funcionário. O outro parlamentar joga seu cachecol para trás e ajusta o casaco, direciona-se para o funcionário.
” Triste isso, me diga o problema.”
” É somente a graxa, a que colocamos seca muito rápido, e o ácido para dissolver está acabando.”
” Muito bem, Maximillian! Providencie mais ácido e graxa.”
O outro parlamentar saiu de perto. O engenheiro voltou para dentro da máquina e algumas horas depois de chegar o ácido e graxa o big ben estava pronto. Os parlamentares não conseguiram atenção da mídia, os idosos porém demoraram mais para ir para suas casas, e assim tudo voltou ao normal, até que um incêndio consumisse esse grande e grotesco penis metálico, ele era horrível, merece morrer. seu sofrimento foi muito grande, talvez um pagamento pelo horizonte que ele estragava com sua presença, seus intestinos derretiam com fervor e rapidamente suas colunas de sustentação rangia e dobrava fazendo com que o som de seu grito e gongo começassem a ressoar, um grito de desespero, mas estava tudo perdido rapidamente, nada podia ser salvo.
Isso se explicará quando vermos uma semana antes o nosso querido e amado ladrão, perambulando em uma indústria, junto com os engenheiros químicos. a produção de ácido nítrico é algo difícil de produzir, principalmente em larga escala, e quando o governo pede é sempre bom ter um supervisor para deixar tudo em ordem. no dia seguinte ele iria verificar a produção de graxa, esta iria usar uma substância especial, glicerol, retirado da banha de animais como o porco, comprado em larga escala e a preço muito baixo. ficar no meio de tanto fumaça e calor faz mal aos pulmões, por causa disso quase todos usavam máscaras e panos em seus rostos, o ladrão com sua falsa identidade de Abbey xingava com toda a sua alma Jack por ter lhe convencido de fingir como um fiscal. o laudo que ele preenchia agora iria para uma enquete do governo para o suprimento de materias necessários para o conserto do big ben, e como isso era algo tão fácil não foi difícil ser colocado na vaga. o resto era esperar que algum dos amigos de Jack fizesse a sua parte e colocasse os materias em contato, eles iriam fazer o resto, queimando tudo na grande torre.
Mas uma coisa ficou aparente, a fumaça dos grandes calderões de ácido eram brancos como as nuvens, porém eram diferentes da poluição comum, não havia as cinzas de carvão no ar, nem de tinta no ar, ou outras estranhas substâncias, talvez se jogasse esse ácido no rio tames o ar iria se purificar. ou talvez se ele destruísse todo o carvão, mas não, nada poderia salvar o céu, inclusive da neblina. essa mistura de vapor de água com o ar frio de água so ia piorar tudo, mas pelo menos ele iria deixar tudo branco, ao contrário do cinza.
Conseguir uma grande quantidade para seu experimento foi fácil, somente dobrar o número, e indicar um endereço. àcido nítrico é facil de esconder se você somente vai jogá-lo no tâmisa..
No amanhecer chegou acompanhando de tres carruagens com gigantescos containers do ácido, eram grandes o suficiente para parecerem querer esmagar o chão. enconstaram perto do rio e começaram a abrir as manivelas, o resto foi uma grande fumaça que absorveu metade de londres, o rio começou a borbulhar e todo o lixo descansando no fundo começou a subir, todo o lodo, terra, estrume, carcaças e mais tudo de imaginável veio à tona, a última coisa que faltaria seria uma casa inteira começar a flutar em todo esse lixo, era uma estranha procissão que acompanhada de grandes bolhas começaram rapidamente a voltar para o fundo do rio. o céu ficou nublado, o sol não iria sair naquele dia e uma estranha noite tomou o rio e suas bordas, parecendo um outro mundo.
Abbey ficou olhando tudo colado ao rio, praticamente submerso neste espetáculo, os funcionários com suas máscaras de pano o olhavam, até que o mais bem vestido, e aparentemente o superior deles.
” não sabia que dava pra fazer isso com o ácido.”
” deve ser a reação com maioria dos poluentes”
” eu espero que não exploda”
Os funcionários que acompanhavam a procissão de carruagem voltaram para suas carroças e levaram tudo embora, enquanto olhavam o estranho funcionário do governo e questionaram para que isso tudo.
Pagamento
” que bom você ter ganho um nome, aí podemos conversar mais facilmente.”
” Abbey não é meu nome, e nomes não servem para conversas entre duas pessoas, a não ser que a frase necessite terceira pessoa, o que é ruim para a anonimidade, pseudônimos são ruins para a minha linha de trabalho.”
” que triste, marlene tem mais a ver com você. marlene, pegue o meu casaco, hoje vou para o parque.”
” eu não sou sua serviçal, e nem me chamo marlene.”
O ladrão estava furioso, o nobre com suas costas a ele e frente ao vento não percebia o ódio em suas palavras, estava sorridente aproveitando a corrente de ar. o silêncio lhe estranhou e percebeu o sentimento nas palavras, se virou evitando olhar para ele.
” perdão, me diga, onde é que nós estávamos?”
” admirando o por do sol, finalmente posso ver o horizonte não?”
A cara do artista se desenubriou da raiva que ele sentia antes. voltou seus olhos para o rosado céu, faz tempo que não conseguia ver o sol, era um espetáculo magnífico para seus olhos desacustomados com essa intensa luz.
” muito bonito, admiro o seu trabalho, algo que ninguem esperava.”
” o meu trabalho está pronto, posso morrer feliz já.”
O nobre retirou de seu bolso um grande maço de notas, ele não queria partir caminho com tanto dinheiro, ele teve muito trabalho em conseguir tudo isso, e tiveram grandes aventuras juntos, ele e seu grande maço de dinheiro, mas pelo menos havia muito mais da onde isso veio. entregou para o artista que ficou olhando distraidamente os papéis, parecia nunca ter visto antes tanta coisa, mas suponho que seja apenas que ele não via quase nenhum valor, ele guardou em seu casaco.
Abbey ficaria ali durante o dia inteiro, o nobre porém, tinha compromissos, e não poderia ficar contemplando o sol durante o dia inteiro.
Algumas horas de caminhada depois ele chegou ofegante no grande cemitério de londres, havia milhares de túmulos e mausoléus. porem havia uma em destaque para o nobre, era de mármore, grande com um pedestal indo às alturas, no topo havia um anjo. ele apontava para o alto com sua espada, mas para o nobre a espada apenas caia dos céus e o anjo a tentava segurar para evitar que ela caisse e destruisse o resto dessa família.
Seus parentes ali jaziam, dez no total, morreram todos em um grande incêndio, era uma noite de baile, e lâmpadas a gás estavam na moda aparecer em todos os lugares. o resto foi apenas seus gritos, em compensação se não tivesse sido por seu sofrimento ele não teria descoberto o quando podre os outros nobres eram, ou talvez teria, suas decisões na vida não foram sábias o suficiente para conseguir fugir de parentes aproveitadores, mas agora ele estava livre por vez, e sua nova mansão limpa, sem nobres incandescentes.
Andando pelo meio do cemitério ele pôde ver novamente o tâmisa, orgão que sangra londres, lhe drena de vida, e atrás dele a neblina, o coração flutuante de londres voltava para seu lugar original, e o ingrediente principal para tudo isso eram os mortos, que se decompunham lentamente em um roxo, viscos e podre suco de carne, ossos e vermes, alimentando seu solo e escorrendo para o esgoto, dali infectando o resto de toda a cidade e caindo no rio, junto com os poluentes da cidade despejados ferverosamente pelas indústrias da cidade, o pulmão encardido dessa cidade.
Chegando em uma salinha encrustada no meio dessa horrenda rede subterrânea, um bar iluminado por quatro velas em cima de uma mesa acompanhada de variadas garrafas roubadas, dezenas de copos vazios ou cheios, e lampiões pendurados nas colunas suportando o frágil teto. havia duas figuras ao redor da mesa, o pequeno eslavo artesão, que o nobre reconhecia de uma foto no jornal mostrando os trabalhadores, e na frente dele Jack, eles bebiam e deglutinavam pedaços de pães nas suas bocas, mal dando tempo para engolir os pedaços já lhes acompanhavam por mais volumosos goles de uma densa cerveja.
” a festa começou sem mim?”
” não tem festa, aqui é assim todos os dias.”
O eslavo não gostava de sua presença, essa trupe estranha se conhecia por estranhos motivos, e talvez se tratarem desse jeito talvez fosse normal.
” ah, aqui somente temos tempo para a cerveja, fora temos somente tempo para o presente, cheio de planos para cada instante, nós como forasteiros da cidade ajudamos a lhe manter viva, eliminando a praga.”
” nós somos sua praga, apenas nos diferenciamos das pessoas por percebermos o que no futuro teremos, alienação e loucura. nossa, como eu sinto falta da fria floresta de minha terra.”
” praga pra mim é o nome de uma cidade, muito grande e famosa. acho que é da sua terra.”
” não gosto de cidades, prefiro trabalhar sozinho em castelos abandonados, os seus políticos são muito burros, apenas em burocracias. bem vou-me indo que a minha viagem vai demorar tempo.”
Ele sai por uma porta escondida na escuridão, o nobre se senta e aponta uma outra cadeira para eu me sentar. comecei a falar e Jack se interessou, o nobre apenas ouvia quieto.
” a sua cidade age como um ser vivo, uma colônia de fungos em simbiose como formigas carnívoras.”
” aqui não é amazônia, monstros não existem aqui, nem insetos, mas a metáfora funciona. me diga Basil, até agora não entendi o que você procura, a alma da cidade, que tipo de mentira é essa?”
” o cérebro humano é feito de tecido, neurônios, interligados, a cidade tambêm é, logo ela deve ter uma alma, um coração, um espírito.”
O nobre não tirava os olhos vidrados de mim, abertos, interessados na reação de Jack.
” não, você procura algo dentro de você.”
” errado, eu já me conheço e sei que não há mais nada a procurar, o que falta é achar os milagres do mundo, e o espírito dessa cidade seria um.”
” olhe, uma máquina não se meche sozinha, mas com operários que a dêem ordens, não há consciência nela, não podemos simplesmente aplicar leis de cibernética para tentar lhe entender.”
” então você propõe que não haja uma mas várias para cada parte separada?”
” sim, e não, como você não me entendeu, serei mais claro. cada um tem a parte da cidade, o desejo.”
” a utopia, sei, mas isso é um sonho de crianças cantado por mães para seus bebês, sejamos francos, nem que eu morra eu descubro a verdade.”
O nobre estava reclinando sobre a mesa e seu queixo caia de admiração, parecia ver um momento de glória, Jack se ajeitou na cadeira e me olhou com um meio sorriso.
” acho que um cliche de teatro não cabe aqui, você deve ser mais interessante do que isso para estar na nossa presença. ou eu fiquei fraco e chato, não sei direito, o sangue que corre em minhas veias é como a água, o coração seria algo que movimentasse tudo isso, mas o espírito seria como uma identidade indígena que protege e observa a todos, eu afirmo que somente sou uma espécie de aparição nesta cidade, sou igual a você mas não faço parte, o meu amigo nobre aqui pelo contrário, é um cidadão dela, que não destoa entre os seus. você procura algo maior, isso não é algo que eu possa lhe dar. sei o meu papel, e sei que a vida me dará oportunidades para um dia chegar nesse suposto espírito.”
O nobre aproveitou o silêncio momentâneo para falar.
” eu ainda acho que é algo diferente, não um darwinismo social, o eugênica, mas uma espécie de moral comum, um código de ética, uma filosofia generalizada.”
” não, maioria das pessoas não tem nada além de senso comum, não pode ser isso, e maioria delas é formado pela mídia, ela é controlada de mais para ser o verdadeiro espírito.”
Nós três ficamos quietos, eu não obtive respostas, Jack ficou mal-humorado por não ter respostas, e o nobre por perder a tarde inteira na frente de dois perdedores que não sabiam lidar com a ignorância, eram todos loucos.
Posfácio
Talvez eu tenha achado a resposta, mas sei que pelo menos ainda há jornadas para eu descobrir o que realmente há nessa cidade. Mas como Frejat canta, nunca há mais de uma resposta, e nesse buraco negro eu não caio.
Tiago Braga, ex-aluno