27 de Junho de 1908. Nascia em Cordisburgo, MG, João Guimarães Rosa. Viajou pelo sertão como médico. Viajou o mundo como diplomata, tendo servido em Hamburgo sob o jugo do nazismo. Poliglota (inclusive, em sua própria língua). Viajou de novo pelo sertão, como “Viator” (pseudônimo de seu primeiro livro, que daria origem a Sagarana). Recriou o sertão da violência e da jagunçagem e criou o da poesia e da linguagem. Em Grande sertão: veredas, o jagunço Riobaldo conta a história de sua vida de jagunço, atormentado por ter feito (ou pensado fazer) um pacto com o demônio; ao lado de questões existenciais, esse romance contém uma das mais bonitas histórias de amor da literatura brasileira. Abaixo, um trecho:
-Pois então: o meu nome, verdadeiro, é Diadorim… Guarda este meu segredo. Sempre, quando sozinhos a gente estiver, é de Diadorim que você deve de me chamar, digo e peço, Riobaldo…
Reinaldo, Diadorim, me dizendo que este era real o nome dele – foi como se dissesse notícia do que em terras longes se passava. Era um nome, ver o que. Que é que é um nome? Nome não dá: nome recebe. Da razão desse encoberto, nem resumi curiosidades. Caso de algum crime arrependido, fosse, fuga de alguma outra parte; ou devoção a um santo forte. Mas havendo o ele querer que só eu soubesse, e que só eu esse nome verdadeiro pronunciasse. Entendi aquele valor. Amizade nossa ele não queira concedida no simples, no comum, sem encalço. A amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor. (…).