Por Luís Cavalaro, 3H2
“A propaganda e a aspiração a pertencer a uma outra cultura, a um outro lugar, fizeram a burguesia brasileira esquecer-se de onde estava: NO BRASIL. E da burguesia para baixo, o pensamento se alastra (é claro, com focos de resistência). Mesmo quando está quente, se esquecem dos ensinamentos deixados pelos indígenas, de que a melhor opção é realmente ficar sem camiseta – ou pelado. Descendemos da cultura católica, da autorrepressão e da repressão aos outros. Quebremos esse paradigma, juntemo-nos a nossa nova terra, aprendendo a viver nela, sem copiar o terno e a gravata europeus, instrumentos para preservar o calor corporal. Vistamo-nos como melhor nos aconchegar. Proponho camisetas regatas no plenário, no senado e na câmara. Proponho a autoaceitação como forma de aceitação do próximo. Proponho o respeito pelo corpo masculino e feminino, e o fim da intimidação física de qualquer espécie. Proponho celebrarmos nossa terra e nossa gente como forma de entender o que se passa aqui e ter acesso a uma riquíssima cultura que é renegada pelos próprios brasileiros. Proponho a autolocalização geográfica, que entendamos onde estamos, quais os aspectos de nossa terra, e entendamos que só somos do jeito que somos por causa dela, e que se tivéssemos nascido em outra cultura como muitos aspiram, seríamos em MUITO diferentes. Proponho a elevação do povo brasileiro para mais do que simples importador de cultura, mas criador e adaptador que leva em conta SEMPRE nossa geografia, tendo por ela não vínculos de ufanação, mas de respeito, como forma de melhor vivermos. Proponho uma arquitetura e um urbanismo que sejam guiados não pela especulação imobiliária, mas pela necessidade do povo e pela temperatura e chuvas regionais. Esqueçamos a arquitetura meramente modista, que transmite opulência e ostentação por meio de estrangeirismos, ignora a geografia local e ao invés de nos servir, nos faz gastar fortunas com ar-condicionado. Proponho vivermos com menos para que nos sobre mais. Proponho admitirmos que temos interesses em comum e nos unirmos por eles. Proponho nossa liberdade de não esconder os BRASILEIROS que nós JÁ SOMOS e de poder escolher não ser estrangeiros em terras estranhas, mas profundos conhecedores de nossa terra.”