Ponteiros tic-tacam indiferentes
Fazendo voar a vida, cujo tempo
Não é só fluxo ou passagem
Mas a própria vida.
Passam rasgando por sonhos e desejos e encantos
Incontestavelmente arrasados
Pelas intempéries,
Pelas estacas de olhares maldosos,
Por um ou outro arrependimento
Puro e inconfessável.
Mas ponteiros recuperam também o sorriso fácil,
A reminiscência tão menos dolorosa
Do que a angústia do futuro e
A pressa do tempo presente.
Resgatam as histórias inglórias,
As derrotas e vitórias,
Muito mais agradáveis
E frescas
Quando aterradas sob os consolos
De um par de décadas bondosas.
Afinal certas coisas passam e voltam
O pulso pulsa,
O passo descompassa,
E o coração não bate
Sem antes vacilar.
Bruno Koba, 3E1