O amor passou por aqui,
Mas não disse de onde veio
E nem para onde iria.
Falou apenas de amenidades
E conversou comigo
Sobre o seu dia-a-dia.
Falou sobre os conflitos da terra;
Sobre todas as guerras
E sobre desolação.
Falou da mágoa que sente
Por o confundirem, frequentemente,
Com sua prima, a paixão.
Disse estar chateado
Pois muitos apaixonados
Dizem sofrer por “tanto amar”.
Disse que muitos batem no peito
E dizem ter o direito
De, em seu nome, matar.
O amor passou por aqui…
Não me ofereceu consolo
E nem pediu para entrar.
Apenas descansou em frente à porta
E disse que não entraria
Pois que não podia se atrasar.
Disse haver muitos “quase defuntos”
Que juram de pés juntos
Que agora estão redimidos.
E que estes clamam por piedade,
Pedindo o “amor de verdade”
Que Deus lhes havia prometido.
Pediu-me um pouco de compreensão
E implorou-me perdão
Por tomar o meu tempo.
Disse que sou um bom menino
E para não me preocupar com o destino
Pois eu sou filho do vento.
O amor passou por aqui…
Agradeceu-me a conversa
E começou a se afastar.
Mas disse-me para ser paciente
E que um dia, se der, ele volta;
E se assim for ele volta
Para ficar!
Inspetor Wanderley J. Rodrigues