O Arnaldo Roizenblatt, é um aluno comum da 3B1. Brasileiro, paulistano, devoto de São Jorge (corinthiano…), quer ser médico e está no caminho certo. Por quê? Porque ele se preocupa. Escreveu um belíssmo texto sobre o preconceito. Um monstro que está bem presente entre nós. Numa frase solta, numa piada, numa brincadeira, se nega o direito do outro ser diferente. É preciso sensibildade para perceber isso e coragem para escrever sobre. Bravo, Arnaldo!
” Decidi dissecar o preconceito. O objeto de estudo em questão não é dos mais fáceis, já que se faz muito presente pela polêmica que causa e quase ausente pela correria cotidiana que nos move. Muitas vezes só refletimos a respeito do preconceito quando mais uma calamidade chega ao nosso conhecimento.
Comecemos o procedimento. Destaco a epiderme. Para minha surpresa, percebo que a simples remoção desse tecido teve um impacto já muito relevante: Os mais variados tons e cores, tatuagens, e os preconceitos envolvidos nestes, são extirpados quando se tira o que o ser humano tem de mais superficial.
Terminada essa primeira parte, as únicas diferenças que restam neste corpo são o sexo, a massa corporal, a cor dos olhos e dos cabelos, possíveis anomalias e eventuais amputações. Mas quem sabe, por ingenuidade minha, eu não consiga abarcar tudo em uma única generalização perigosa? Encerro então o papel das ciências biológicas, caso contrário, entrarei no campo das pseudociências.
Tiro o preconceito da mesa de cirurgia e o deito num divã. Mais conclusões interessantes: Meu corte havia sido muito profundo. Essa doença social não infecta a epiderme, mas uma camada acima denominada cultura. Assim como as nossas cores, a cultura possui suas mais diversas variantes sem, no entanto, uma se sobressair à outra.
Mas então como que os ocorridos em Ruanda, Congo, Polônia, Sérvia, Brasil, entre tantos outros países, foi possível? O preconceito, por ser uma doença, perverte essa noção de cultura e nos faz esquecer de que o ser humano decide a sua cultura, e não o contrário.
Um exemplo: e toda a espécie humana nascesse idêntica e todos aqueles com intenções terroristas se convertessem ao islamismo, o terror físico e psicológico que os muçulmanos sofrem nos Estados Unidos (e fora dele) estaria justificado. Mas não está, pois nem todos os muçulmanos são fanáticos.
Satisfeito com os resultados, mando o preconceito de volta para aquele canto do meu subconsciente para que ele continue impregnando as minhas ideias e ações. Entendê-lo pode até ser fácil, mas combatê-lo é o desafio da humanidade.
OBS: Peço perdão por qualquer ideia preconceituosa empregada no texto.”