Os ex-alunos Wellington Nogueira, Luiza Oliveira e Mauro Fantini optaram por um caminho pouco convencional para suas vidas adultas: tornaram-se palhaços. O que para muitos pode parecer uma atividade fácil ou que não requer muito de seus praticantes é na verdade uma carreira séria, para o qual existe uma vocação e que requer muito tempo de prática e aprendizado.
Wellington Nogueira, estudante do Band de 1976 a 1978, fundou e hoje é o coordenador geral dos Doutores da Alegria, equipe de palhaços que há 21 anos visita crianças em hospitais. A missão da ONG é promover a alegria como fator promotor de relações saudáveis por meio da atuação dos palhaços junto a crianças hospitalizadas, seus pais e funcionários dos hospitais, além de compartilhar a qualidade desse encontro com a sociedade.
Wellington sempre se interessou pelas Artes Cênicas, o que o levou a se formar como ator pela Academia Americana de Teatro Dramático e Musical de Nova York (EUA). Lá, trabalhou em diversas companhias de teatro, cinema e circo do país, como a Big Apple Circus Clown Care Unit, pioneira na atividade de levar palhaços profissionais ao ambiente hospitalar. “O Band me ajudou com a vida profissional. Me estimulou a ser crítico e fazer isso de maneira bem humorada”, comenta;. “Tenho carinho também pelas memórias boas, afinal, o palhaço que sou hoje também se delineou naquela fase”, relembra. Desde sua fundação, o trabalho dos Doutores da Alegria inspirou inúmeros outros grupos no Brasil que se dedicam ao ofício de alegrar as pessoas em momentos difíceis.
Luiza Oliveira, por sua vez, desde muito cedo já se interessava por atividades sociais. Aos 13 anos já participava de um trabalho em que visitava e brincava com crianças em orfanatos; durante seus anos de Bandeirantes não deixou essas atividades de lado. “Era algo que me renovava. Ia lá de 8h às 13h todos os sábados e não perdia por nada” conta.
Formada em Medicina, em 2005 criou, ainda na faculdade, o projeto Sorrir é Viver, que providenciava cursos de seis meses para estudantes de Medicina que quisessem aprender a arte e atuação como clown. Com o tempo, o projeto cresceu e hoje abrange ainda contadores de histórias e músicos; “Esse tipo de prática consegue trazer novas ferramentas para a prática médica. O profissional aprende a lidar com o paciente de outra forma e ainda consegue criar um diálogo, uma troca de sentimentos com eles e com os colegas de trabalho”, explica. Hoje, depois de passar algum tempo nos Estados Unidos no Instituto Patch Adams aprendendo sobre comunicação e mediação em conflitos, Luiza mora em Genebra, na Suíça, onde participa da ONG Pacicultura voltada para a cultura de paz e conscientização sobre temas como a violência e suas origens. Formada em 1999, Luiza afirma ter sido no Band que ela realmente desabrochou como pessoa: “Me sentia confiante do que queria, era bastante motivada pelos professores e até hoje lembro do apoio que eles me deram com esse sonho. Tenho muito carinho pelo Band e por toda a ajuda e motivação que recebi lá”, conclui.
Já Mauro Fantini se formou no Band em 1998 e é biomédico formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo. Durante sua transição de estudante graduando para pós-graduando, Mauro deu aulas de Inglês em um cursinho voltado para o público de baixa renda, por puro gosto pela atividade como docente. Mais tarde, começou a florescer o interesse pela atuação como palhaço; depois de alguns cursos, em 2008, começou a atuar oficialmente na ONG Operação Arco-Íris de palhaços voluntários em hospitais, onde está até hoje.
“Novamente fiz (e faço) isso porque gosto. É muito legal poder ajudar alguém em uma situação delicada no hospital. Mas não é o que me move, isso é um ganho extra”. Além disso, ele também é responsável pela coordenação do projeto Palhaços de Plantão, inserida no Centro Universitário São Camilo, na qual os palhaços envolvidos no projeto são também os futuros profissionais do hospital. “Acreditamos que essa inserção artística na formação do profissional da área da saúde pode ser uma experiência importante para incentivar práticas humanizadas no atendimento aos pacientes”, explica Mauro. Para ele, o Band fez uma grande diferença em sua vida profissional. “É um Colégio sério, dedicado ao bom ensino, mas sempre tive muita liberdade. Acho que essa é a principal lição que tirei da minha vida bandeirantina”.