Por André Bolini, 3B1.
Quando estudamos História nos anos de colégio, temos, sem dúvida, uma visão muita rápida e um tanto superficial dos eventos, uma vez que, se fôssemos estudar a fundo cada caso, levaríamos uma vida inteira. Acredito, entretanto, na existência de alguns temas que deveriam ser estudados por todos e aprofundados em determinados aspectos. Este é o caso da Primeira Guerra Mundial.
No dia 28 de julho de 1914, com a invasão da Sérvia pelas tropas austro-húngaras, estourou a guerra que, conforme as expectativas, deveria durar “até o Natal”. No entanto, tais expectativas não passaram de simples esperanças, uma vez que o conflito perdurou até novembro de 1918. Começava assim a Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Guerra. As batalhas e os movimentos dos exércitos são as informações que se sobressaem. Destaco, contudo, um aspecto que acredito merecer, ao mínimo, um pouco mais de nosso conhecimento: a vida dos soldados. Assim que mencionado o soldado da Primeira Guerra Mundial, muitos pensam nos inúmeros combatentes posicionados em suas trincheiras, prontos para defendê-las ou atacar as inimigas e nada mais. Mas a verdade é que a vida do homem que lutou entrincheirado na Grande Guerra supera, e muito, o pouco conhecimento da maioria das pessoas relacionado às ofensivas travadas nas linhas escavadas.
Quando soava o apito, o mais temido momento chegava: subir a trincheira (expressão muito conhecida como “go over the top”). Soldados, equipados com mochilas e aparatos que podiam totalizar uma massa de 30 Kg, escalavam as improvisadas escadas construídas nas trincheiras e encaravam, quase que imediatamente, a morte trazida por uma chuva de balas vindas das metralhadoras inimigas. A ofensiva que melhor ilustra tal situação foi a Terceira Batalha de Ypres, também conhecida como a Batalha de Passchendaele. Nela, foram vitimados aproximadamente 400 mil britânicos contra a morte de 65 alemães. Os números devem-se ao fato de os teutões terem em seu poder a mais decisiva arma em um campo de batalhas: a metralhadora.
Mas, além dos críticos momentos ao enfrentar o fogo inimigo, os soldados também enfrentavam outros adversários nas próprias trincheiras: a água, a lama, o tédio e as doenças. Em batalhas como a do Somme e a de Ypres, a chuva obrigava os homens a, primeiramente, vencer a lama e as armadilhas escondidas nas crateras causadas por explosivos cobertas por água que muitas vezes tragavam os heróis que não conseguiam escapar da morte devido ao peso de seus equipamentos. Ao se aproximar das trincheiras inimigas, também precisavam vencer o arame farpado que se emaranhava com a terra encharcada. E, como se não bastasse, em suas próprias linhas, muitas vezes precisavam lidar com a enchente das trincheiras que os impedia do descanso. As doenças também se proliferavam de modo ultrajante uma vez que a chuva acabava desenterrando os corpos de soldados que, em estado de decomposição, transmitiam bactérias facilmente, o que resultava em incontáveis infecções nos feridos.
Por esses e outros motivos, considero o estudo da vida dos soldados que combateram na Primeira Guerra Mundial e que normalmente são esquecidos, não apenas importante por seu aspecto acadêmico de conhecimento, mas também por uma questão de honra ao que estes homens fizeram e morreram para fazer, os homens que verdadeiramente decidiram a guerra.