Richard Wagner foi um dos maiores músicos do século XIX. Criou obras que mantém sua qualidade mais de um século depois. Personalidade forte e controvertida, Wagner colocou sua obra a serviço do nacionalismo alemão. É sobre isso que trata o texto abaixo, excrito pela Luisa Soezima, da 3E2. Quando ela veio conversar comigo sobre o texto, percebi que ela entende muito da música de Wagner. E investigou o ponto certo.
“O caminho até a unificação alemã em 1871 foi resultado, dentre muitas outras ações, da influência militar do chanceler Otto von Bismarck. E o fervor nacionalista aceso na época é resultado da existência do grande compositor e maestro Richard Wagner. É inevitável ressaltar que esse mesmo músico teve uma explicita atuação militar (chegou a ser exilado entre 1848 e 1860) e nesse mesmo espectro, foi se envolvendo cada vez mais entre os políticos e chefes da época, sempre buscando maior valor às suas obras, embasando-as em faces míticas da região, onde antes ocupavam pequenos principados e ducados.
Wilhelm, nome de batismo de Wagner, ressaltava sua convicção nacionalista, em que sua verdadeira missão era difundir a revolução aonde quer que passasse. E é aqui nesse contexto que se enquadra o ser papel decisivo para a formação do ‘kultur’ alemão, caracterizando a plena defesa da cultura local e a ênfase da particularidade de cada povo, mesmo antes de ser concretizada a noção territorial de Alemanha.
O grande compositor foi responsável por explorar muito mais do que o simples plano orquestral, submetendo não só os músicos, mas também os ouvintes ao caráter fabuloso dos mitos alemães. No turbulento período do segundo Reich, ficaram evidente os laços entre a cultura e a política, era como uma aliança indireta de objetivos entre o líder político-militar Otto Von Bismarck, e o otimista Richard Wagner, que apesar de sua importância, recebeu muitas críticas por parte dos poderosos da época, inclusive por parte do chanceler, quando sugeriu seu ingresso (Wagner) no Renascimento Espiritual da Alemanha.
Voltando ao caráter nacionalista, patriota e legendário das obras wagerianas, a ópera ‘Lohengrin’ (1848-1850) é um legitimo exemplo disso, apesar de ter sido escrita vinte anos antes da unificação da Alemanha. Nela, esse padrão é evidenciado desde o primeiro ato em que se percebe a sugestão de formação de um suposto Império, havendo referencias a espadas (simbolizando a luta) e a existência de um líder. Assim como a referencia à lenda do cavalheiro Percival e seu filho, Lohengrin, marcando o lado mítico da obra.
É, portanto inegável que a chama do nacionalismo alemão teve seu inicio muito antes dos despertares militares e conflituosos durante a unificação dos principados germânicos. Sendo assim, deixo uma questão: será essa formação de um Estado unificado um movimento tardio, ou foi tardia a percepção da existência da união pelos poderosos da época?”
No link http://www.youtube.com/watch?v=qpHhEXw0XgU você encontra uma apresentação da ópera Lohengrin no Teatro Scala em 2012.