Prof.a Dra. Tânia Sih – Faculdade de Medicina USP
Prof. Dr. Ricardo Godinho – PUC Minas
Nos últimos anos ocorreu uma extraordinária popularização dos aparelhos portáteis de músicas, incluindo os celulares. Na onda deste crescimento, a exposição de jovens a música em volume alto aumentou drasticamente e na mesma proporção os riscos de danos à saúde.
Os aparelhos de som pessoais também podem reproduzir o som na mesma intensidade da música alta de shows, boates e bares, representando uma fonte potencialmente perigosa de ruído recreativo. Os níveis de som em shows de rock foram registrados entre 120 a 140 dB e aqueles em bares e boates podem atingir intensidades sonoras maiores que 95 dB.
Os tocadores de MP3 ou MP4, utilizados por mais 64% dos estudantes de classe média de São Paulo, e por aproximadamente 100 milhões de pessoas em todo o mundo, chegam, facilmente, aos 120 dB. Intensidade suficiente para provocar perda auditiva com utilização diária de menos de 5 minutos.
A perda auditiva, a sensação de zumbido e/ou ouvido cheio que pode ser percebida quando saímos de um show ou de uma festa em uma boate, ou até mesmo após acompanhar um trio elétrico no carnaval, é uma consequência de uma lesão das células do nosso ouvido. A maioria dos jovens, entretanto é incapaz de relacionar adequadamente o efeito indesejado do som alto na capacidade de escutar.
A perda auditiva causada pela música não se deve somente a intensidade dos níveis de volume, mas também ao tempo de exposição a este estímulo sonoro elevado. Alguns jovens podem ser mais sensíveis à lesão causada pelo som. Importante lembrar que estes danos podem ser reversíveis apenas em estágios iniciais.
Cuidado
Uma pesquisa realizada pela Deafness Research (UK) estima que os jovens de hoje fiquem surdos 30 anos mais cedo do que os seus pais. O principal motivo desta previsão desastrosa é o desconhecimento dos efeitos nocivos dos ruídos intensos – a música pode ser um deles – para a audição humana.
Protegendo o ouvido
Usar um protetor auricular em shows pode proteger a audição sem diminuir o divertimento. Os otorrinos e os pais são o grupo com maior probabilidade de recomendar o uso de proteção do ouvido. Além disso, influências sociais tais como os amigos, exemplos públicos e a televisão também poderiam influenciar tal comportamento.
Volume e Tempo limite para o uso do MP3
Segundo um Estudo da Universidade do Colorado, estes limites baseiam-se na média de ruído que os tocadores de MP3 são capazes de gerar.
% do controle do volume | Tempo limite antes de ocorrer dano |
---|---|
Até 50% | Sem limite |
60% | 18 horas |
70% | 4,6 horas |
80% | 1,2 horas |
90% | 18 minutos |
100% | 5 minutos* |
*O artigo original fala em 5 minutos, porém como os aparelhos no Brasil atingem 120 dB, não é prudente utilizar mais de 3 minutos.
Deve-se ainda dar um desconto, diminuindo o tempo de uso, para os aparelhos e/ou fones falsificados, que normalmente atingem uma intensidade maior, porém com menor qualidade.
Fone de Ouvido adequado
Os fones que ficam “dentro da orelha” possuem, em média, 5,5 dB de intensidade a mais que os fones que ficam “sobre a orelha”. Estes últimos, então, podem ser utilizados por um pouco mais de tempo. Novos modelos de fones, feitos sob medida, entretanto, são desenhados para bloquear a entrada do conduto auditivo, evitam a audição de ruídos externos e permitem ao ouvinte escutar músicas com um volume menor.
Quando procurar orientação médica
O otorrinolaringologista é o médico especializado em prevenir, diagnosticar e tratar os problemas da audição.
Procure orientação na presença de: zumbido, sensação de ouvido cheio, qualquer incômodo no ouvido ou perda auditiva.
Mais informações
www.iapo.org.br
www.otorrinopediatria.com.br