O ano de 2011 começa com novidades: o Sex Tips está mudando. A idéia é transformá-lo em um blog, bastante interativo, com assuntos mais variados, sempre de interesse dos adolescentes. Para dar início a essa nova fase, a equipe de CPG, responsável por este serviço, publica um primeiro texto que expressa muito da filosofia do nosso trabalho: o valor humano dos sentimentos para a vida e para os relacionamentos. Assim, apresentamos um texto sensível do poeta e ensaísta Octavio Paz sobre o amor e a amizade. Mais que gostar ou não do texto, esperamos que os leitores dialoguem com ele. Afinal qual é o valor que têm amizade e amor em nossas vidas? O que distingue os dois sentimentos? O que os aproxima? Desejamos a todos uma ótima leitura.
O amor e a amizade
Já se comparou, muitas vezes, o amor e a amizade, algumas vezes como sentimentos complementares, outras, como opostos. Se esquecermos a atração física, as semelhanças entre amor e amizade são óbvias. Ambos são afetos eleitos livremente, não impostos pela lei social ou pelo costume, e ambos são relações interpessoais. A escolha e a exclusividade são condições comuns para o amor e para a amizade.
No entanto podemos estar apaixonados por uma pessoa que não nos ame, mas a amizade sem reciprocidade é impossível. Outra diferença: a amizade não nasce “à primeira vista” como o amor, mas de um sentimento mais complexo: afinidade de idéias, emoções e interesses.
No começo do amor, há a surpresa, a descoberta da outra pessoa, a quem nos ligamos por indefinível atração física e espiritual, mesmo que ela pertença a outro mundo diferente no nosso. Já a amizade nasce da vida em comunidade. A simpatia é resultado da afinidade. O relacionamento transforma a simpatia em amizade.
O amor nasce de uma “flechada”; a amizade, do intercâmbio frequente e prolongado. Enfim, o amor é espontâneo. A amizade exige tempo.
Para muitos, a amizade é superior ao amor, considerada uma virtude, a coisa mais necessária da vida. O certo é que a amizade está menos sujeita que o amor às mudanças inesperadas.
O amor se apresenta quase sempre como ruptura ou transgressão da ordem social; é um desafio aos costumes e às instituições da comunidade. É uma paixão que, ao unir os amantes, separa-os da sociedade. Uma república de apaixonados seria ingovernável; o ideal político de uma sociedade civilizada – nunca realizado – seria uma república de amigos.
A primeira característica fundamental do amor é a exclusividade, que requer reciprocidade, a concordância do outro, sua escolha livre. Assim é que o amor se funda essencialmente sobre a liberdade. Sem liberdade, não há amor. Paradoxalmente, o amor seria atração involuntária por uma única pessoa e a aceitação voluntária dessa atração.
O amor é composto de opostos que não se podem separar, que vivem em constante conflito e união. Apesar de contraditório, o amor é uma das respostas que o ser humano inventou para encarar a morte. Por causa do amor, superamos a passagem do tempo. Mais que felicidade ou infelicidade, o amor é intensidade. Ainda que não seja eternidade, é vida, o momento em que se abrem as portas do tempo e do espaço e aquilo que é dois se transforma em um.
FONTE: Texto adaptado do livro “A dupla chama” de Octavio Paz.