Caros leitores, sábado da semana passada (21 de Maio), participei como técnico de uma das equipes feminina: o Orlando Magic.
A princípio achei tudo muito divertido, as atletas, que fiz questão de decorar o nome: Natália, Carol, Rafaela, Letícia, Isabela e Marina, riam e se divertiam bastante. Confesso que muito dessa descontração vinha de minha parte. Foi a melhor forma de integração possível. Porém, antes de começarmos a jogar o triangular de equipes que havia sido proposto, senti que minhas piadas e as gargalhadas delas poderiam comprometer o time, e trocar a seriedade pelas brincadeiras. É óbvio que o Camp de Basquete do Band não era uma final de campeonato, mas a seriedade era necessária para que elas pudessem aproveitar a oportunidade de jogar diferente com outro técnico (não sei se as fiz jogar DIFERENTE, mas alguma coisa eu devo ter conseguido passar a elas).
Dado o panorama de apreensão, me surpreendi quando a redonda foi ao alto no primeiro jogo. Todas, entraram com disciplina, garra. Olhos bem abertos, passadas largas. Abri um sorriso e pensei que talvez elas não soubessem, mas, as seis jogadoras aparentavam amar o basquete como eu amo.
Essa grata surpresa veio seguida de momentos marcantes. Um deles foi quando percebi a resistência da lateral do pré-mirim, Carol. que suportou uma febre e sem dizer a ninguém aguentou até onde pode no primeiro jogo.
Carol, foi uma bela prova de amor pelo basquete. Mas, a sua saúde em primeiro lugar. POR FAVOR! Ainda bem que depois ficou tudo certo.
Outro momento ocorreu minutos antes do primeiro jogo. Rafaela, ala do pré-mirim, se desapontou ao saber que, por ser a mais nova das seis jogadoras, iria começar a partida no banco. Me partiu o coração.
Após o primeiro jogo, foi a vez de Natália, lateral do pré-mirim, me impressionar com um súbito comentário. A atleta percebeu a altura média do próximo adversário de nosso time, olhou nos meus olhos e comentou: “Vamos jogar com elas, que são mais altas. O jogo vai ser mais em baixo (no garrafão).”
Positivo, Natália. Fiquei feliz por saber que mesmo nova você tem percepção e leitura de jogo suficiente antever o tom do ataque adversário. Pode parecer besteira, mas a partir dessa compreensão de jogo que você adquire mais sabedoria e consequentemente mais leitura de jogo.
Além das jogadoras do pré-mirim, as do mirim também me impressionaram. Marina, armadora, superou uma dor no joelho e insistia em ficar em quadra até o final do primeiro jogo, pois era a única armadora e sentia que o time precisava dela.
Marina, admiro a sua atitude mas serve a você o mesmo recado que dei à Carol: A prioridade é a sua saúde.
Letícia também protagonizou um momento de entrega no jogo: a ala jogava de pivô e lateral ao mesmo tempo. OK, ela fazia isso porque não me ouvia. Mas, tudo bem, o ato pode ser relevado se levarmos em conta aquele buraco que tínhamos sempre em uma das laterais. Porém, isso me levaria à análise do jogo e nos meus comentários prevalecem a parte mais altruísta e coletiva do jogo do que tática.
Por fim, comento a atuação da pivô Isabela. Ela superava a falta de Letícia com muita presença no garrafão. Presença essa que foi traduzida em pontos e rebotes muito importantes para a equipe.
Detalhes: primeiro; perdemos os dois jogos, mas foi por pouco e jogamos muito bem. Acho importante ressaltar que em meio às atuações de guerreiras que vocês tiveram o resultado foi desprezível. Segundo detalhe: em um determinado momento do camp, estávamos repassando jogadas e eis que todas as atletas me perguntam quantos anos eu tenho. Eu digo dezesseis e elas olham aterrorizadas ao tio Rodrigo (apelido carinhoso que me deram). Então pergunto: “Quanto vocês achavam que eu tinha?”. Elas me respondem: “Uns TRINTA!”. Gargalhei. Talvez a barba que cobria metade do meu rosto me envelhecesse mas … CARAMBA! TRINTA …!
Obs: Agradeço a oportunidade de trocar papeis com meu mestre Godoi. Foi bem divertido e até reflexivo me imaginar em seu lugar em nossos jogos.
Aí está a foto do time que poderia se chamar “As Amazonas”.