Numa fase tão determinante como a que nos encontramos, parece ser necessário relembrar tudo o que nos rodeou durante os últimos anos de forma a expressar a nossos pais, mestres e amigos tudo que vivemos, sentimos e esperamos para o futuro.
2010 iniciou-se com a perspectiva de anunciar um novo período de nossas vida. Para começar o ano, como de praxe, nos ocupamos, durante algumas horas para limpar e organizar o armário. Foi necessário, desta vez, descartar boa parte das anotações e livros que nos acompanharam muito tempo para enfim começarmos uma nova fase de peito aberto e prateleiras limpas. Quanto tempo esperamos para enfim nos vermos livres das apostilas de física, química e matemática? Esse poderia ser um momento de alívio, ou ainda uma atividade banal, simplesmente pragramática, no entanto, a arrumação do armário neste começo de ano foi atípica.
Quando peguei os cadernos, já não via mais as várias páginas de matéria copiada, ou lista de exercícios resolvidos. O que me chamava atenção eram os recadinhos de todos os tipos: mensagem carinhosas, segredos, desenhos, as pérolas da sala e, na maioria das vezes , tentativas desesperadas de driblar o tédio e o cansaço da maratona de aulas. Muitos dos recados não eram assinados, mas eu reconhecia cada um de seus autores. Ali estava a marca dos meus colegas de sala, pessoas determinantes para que o ano fosse assim, inesquecível.
Imaginei que fosse mais fácil me desfazer dos livros, afinal, eram eles a materialização de tudo o que me mais me afligiu nesses anos: uma quantidade infinda de matéria a ser aprendida.
Ver-me livre de tais matérias era sim um alívio. Mas ao passar os olhos pelas páginas tanto estudadas, o que via era a dedicação dos professores, que são mais que acadêmicos, especialistas em cada área. Empenhados na tarefa de transformar códigos cifrados em um conhecimento a ser dominado por nós, são, sobretudo, educadores e seres humanos, que por sua vontade e vocação, dedicam-se à nossa formação como pessoas.
E nem as provas foram jogadas fora sem uma sensação de perda. Afinal, as terríveis folhas amarelas já não eram tão ameaçadoras quanto pareciam dentro da sala de aula. Finalmente, a sensação de dever cumprido fez valer a pena as noites em claro, tardes nos plantões e na biblioteca e ligações desesperadas para os amigos bons nessa ou naquela matéria. Simples pedaços de papel me fizeram pensar nos momentos em que o desespero avançava os limites bandeirantinos e era em casa, ao lado da família, em que residia o apoio necessário para enfrentar os desafios de, não apenas um terceirão, mas um terceirão no estranho ano de 2009. Nesse longo caminho trilhado no Colégio Bandeirantes, percebemos a inquestionável importância de nossos familiares e principalmente de nossos pais. Como seres humanos, cometem erros, é verdade, no entanto, como nossos pais são seres humanos em excelência, são nossos eternos companheiros, a quem nós devemos a nossa admiração e o nosso obrigado. Assumimos aqui o compromisso de nos dedicarmos ao máximo, a fim de que hoje e sempre, sejamos motivo de orgulho para vocês, amados pai!
Ainda entre os papéis e lembranças, algo me chamou atenção por seu brilho incomum. Ela não fazia parte do material mas tinha marcado meu ano como nenhuma apostila. A máscara recebida no baile de gala, remetia à época mais intensa do ano, na qual toda a satisfação e a saudade ficaram marcadas em memórias e fotos da última semana de aula. Como esquecer do grêmio XXV de agosto em momentos como esse? Festa junina, Milkareta, jornal escolar: muita dedicação para que as mais de 1000 aulas fossem superadas de forma mais leve.
E sobravam muitas coisas no armário, como as notas fiscais dos almoços em meia hora, flyers de festas, comprovantes de passagens pela enfermaria e outras pequenos detalhes que expressam a unicidade do que vivemos no Colégio Bandeirantes.
A falta de tempo e espaço, a organização quase sempre impecável, a responsabilidade que as obrigações exigem e a grande quantidade de pessoas que conhecemos e com quem perdemos contato rapidamente fazem parte dessa experiência que não se vive em outros colégios, o que faz que com que o Bandeirantes muitas vezes seja temido. Porém essas dificuldades são determinantes para nosso amadurecimento. No colegial, assimilamos novos conehcimentos e adiquirimos valores, mas acima de tudo conhecemos pessoas que se fizeram importante em cada breve momento, dividindo alegrias e dificuldades, e por isso serão lembradas sempre com muito carinho!
A arrumação foi chegando ao fim. E depois de muita reflexão e introspecção em meio a tantos papéis, percebi que poderia, sim, mandar esse material para o lixo, pra reciclagem, pra longe! Entendi que as maiores lições desses anos estavam ali, mas não nos papéis. Elas não ocupam espaço, não devo e nem quero descartá-las , pois são e continuarão sendo imprescindíveis para minha vida. As verdadeiras lições bandeirantinas extrapolaram as salas de aula, foram aprendidas nos corredores do quarto andar. Elas foram dadas pelos professores, mas também pelos colegas , amigos, bedéis e todas as pessoas com quem convivi durante a minha vida escolar. Aprendi que o único caminho para que sonhos e idéias tornem-se realidade é o trabalho duro, feito com convicção e muita dedicação. Aprendi que o trabalho em grupo pode ser muito efetivo se eu acreditar nos outros e, acima de tudo, acreditar em mim. Naquele colégio, onde diziam que eu seria “apenas um número”, eu me tornei um ser humano muito melhor e hoje entendo o sentido da formatura, que não significa apenas terminar meu ensino médio com notas azuis, mas sim afirmar que, graças a vocês me sinto “formada” como pessoa, pronta para essa nova fase. A partir de 2010 eu nunca mais serei “a162891”, mas ainda assim, devo muito da minha identidade a vocês! E por isso, ainda que esqueça todas as regras e fórmulas aprendidas, confunda alguns nomes e rostos eu jamais esquecerei que HUMANAS É FAMÍLIA E FAMÍLIA QUER DIZER NUNCA ABANDONAR OU ESQUECER.
Obrigado, formandos, NÓS COSEGUIMOS a todos, muito sucesso e felicidade nesta nova fase!
Obrigado família, mestres, amigos, seria impossível sem vocês.