Discurso dos oradores de Biológicas

Publicado em 05/02/10

DSC07161Bandeirantes: pioneiros e vanguarda do ímpeto descobridor brasileiro do século XVII. Corajosos, leais e dotados de uma perseverança inesgotável, articulavam suas virtudes e seus anseios em torno de um objetivo comum, sempre expandindo seus horizontes. Hoje, nós formandos podemos nos dizer bandeirantes em vida e em espírito e o nosso objetivo comum se encontra reunido neste momento por uma última vez.

O caminho até aqui não foi curto e muito menos fácil. Foi preciso esforço, dedicação e muita garra para que este dia finalmente se concretizasse. Assim, descrever a trajetória de nós, estudantes, nada mais será do que recontar um episódio épico, no nosso caso, biológico.

A começar pela germinação de uma semente. No primeiro ano, tudo era desconhecido, vínhamos quase todos de diferentes escolas com culturas e aprendizados diversos. Aprendemos a olhar o diferente como algo a nos acrescentar na vida, que as pessoas mais destoantes de nós seriam aquelas com quem mais iríamos aprender e levar lições para sempre. A ajuda dos queridos e admirados professores, excelentes educadores, foi fundamental para a nossa formação como indivíduos independentes e, com certeza, mais confiantes e preparados para seguir o caminho adiante. Mais do que tutores, nos ensinaram que a vida não é feita somente de vitórias e nos permitiram errar e perceber que sempre poderíamos nos surpreender indo cada vez mais além dos nossos próprios limites. Aprendemos a questionar e argumentar adquirindo maturidade necessária para que pudéssemos crescer. A escola desde cedo nos concedeu o direito de optar e uma liberdade que sem a qual não teríamos nos tornado tão responsáveis. Ao longo do ano, fomos nos adaptando ao modo bandeirantino de viver, as duas semanas de provas pareciam intermináveis e estressantes à ponto de fazermos os relaxamentos e as receitas culinárias da Sylvia Guitti.

O caminho logo se dividiu, um ramo se multiplicou e continuou crescendo de uma forma exponencial, outro preferiu seguir pela razão, sempre questionando o porque da sua existência e o último, cresceu de forma a se tornar cada vez mais apto à sua sobrevivência. O segundo ano veio e nós mais uma vez tivemos de nos adaptar a uma nova rotina, a novos professores a matérias como citologia e botânica e a uma classe em que cair com um amigo do ano anterior era quase um bilhete premiado da loteria! Quem algum dia se esquecerá das mitoses e meioses da Ana Cristina ou das gimnospermas do Wilson? Então os ramos foram crescendo cada vez mais, o círculo de amizades foi se expandindo conciliando os antigos amigos que nos acompanharam desde o inicio com os que se formariam durante o ano.

Finalmente, o terceiro chegou. Agora os nervos começavam a ficar à flor da pele, o desespero aumentava a cada dia e a segurança diminuía cada vez mais. A preocupação em manter as notas boas e a pressão que  crescia a cada simulado fazia os nossos dias cada vez mais difíceis. Não teríamos sido capazes de passar por tudo isso sem o apoio incondicional de nossas famílias que lidaram com os nossos ataques pré vestibular da maneira mais tolerante e compreensiva possível, nossos amigos que independentemente do nosso humor estavam lá todos os dias para fazer com que nos sentíssemos melhores e professores que não se cansavam de dar a mesma explicação inúmeras vezes para que fossemos para casa tranqüilos e sem dúvidas.

Serão inesquecíveis as aulas siberianas da Izeti, sim! As acelgas húngaras finalmente se formaram! O jeito engraçado e amigo da Cátia que fazia das nossas aulas de gramática as melhores aulas da semana. As tentativas da Melissa e da Fabiana de tirar o “infelizmente” das nossas teses. Os PowerPoint do Milton e a acuidade e prontidão exigida aos dispersivinhos pelo Álvaro. As conversas sobre futebol com o Mané Lopes e os minutos cronometrados para cada explicação do Mané Rodrigues. A paciência interminável da Girlene que não se cansava de explicar Mendel e crossing-over repetidamente para que pudéssemos entender. Frases como “celular ligado, aluno despejado”  ou o diário “Buon giorno per tutti” com certeza marcaram o nosso ano com o Juvenal. Nunca esqueceremos das “princesinhas” do Dalton e do jeito acolhedor do Lenz, digo, Heinz. O traço espontâneo da Beth Zink, o estilo bacana e o usual “sorry about that” do Almeida. As tranqüilas aulas do Nasser que tanto contrastavam com as aulas em que mal parávamos para respirar do Pérsio além da riqueza de detalhes com que a Odete nos fascinava. As canções exóticas da Tik Tik e as reboladas da Márcia Abdo fizeram os nossos dias mais descontraídos. Os laboratórios do Fabio Siqueira e seu tom sempre irônico muito diferente do Onofre sempre serio, mas com boas intenções. Além das aulas contadas para cabular do Olavo e da motivação e conselhos do professor Osmar que interpretou um importante papel nas nossas vidas esse ano. Enfim, professores especiais cada um à sua maneira.

O terceiro ano não foi só desesperador mas com muitas festas e comemorações. Tivemos a Festa Junina, a Milcareta, a viagem de formatura e a última semana de aulas, ou melhor, de festas que fez com que nos uníssemos como uma verdadeira família Bandeirantina. Família esta, que permanecerá eterna em nossas memórias e reluzente em nossos olhos, que nos traz tanto lembranças boas e agradáveis quanto difíceis e complexas. O que nos uniu três ano atrás, hoje nos separa. Os frutos agora caem da árvore, mais do que maduros e cada um há de seguir o seu próprio caminho fazendo com que seus ideais sejam notados, pois nós sabemos que podemos fazer a diferença.

Como disse com sabias palavras o poeta Vinícius de Morais:

“Quem já passou por essa vida e não viveu,

Pode ser mais mas sabe menos do que eu.

Porque a vida só  se dá pra quem se deu,

Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.”

Só nós podemos descrever o que foram esses anos, e tudo o que se passou durante a nossa trajetória. Hoje, por fim, podemos dizer com grande orgulho: vivemos e vencemos.

Marina Lopez Rodrigues e Felippe Lazar Neto

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