Vestibular e humildade

Publicado em 21/09/15

Pois é, pessoal…

Para aqueles que estão no 3o ano, ja já começam as provas dos vestibulares (desculpa, sei que vcs já sabem e não precisam que ninguém fique lembrando disto toda hora hehehe)…Para aqueles que estão no 1o e 2o ano, ainda não tem vestibular (talvez alguns treineiros), mas certamente é algo que terá de ser encarado nos próximos anos e é bom saber o que fazer para estar preparado, não é mesmo? Mas independente do ano ou do vestibular, eu queria deixar um conselho pra vocês que recebi de um colega meu do Band no meio do 3o ano que me marcou muito e que foi (e ainda é) muito útil pra mim…ele me disse: “humildade, Sylvia… humildade é a palavra”. Quando ele me disse isto eu não entendi muito bem a profundidade daquele conselho. Acabou que naquele ano ele passou direto na Pinheiros e eu não (fiz 1 ano de cursinho). Fui entender (e estou entendendo) o significado de tão bom conselho apenas algum tempo depois e acredito que o fato de eu não ter incorporado isto antes de prestar vestibular de certa forma influenciou meu desempenho nas provas. É por isto que considero importante compartilhar estes aprendizados com os alunos antes da batelada de provas começar.

É inegável o fato de que os alunos do Band fazem parte de uma parcela muito privilegiada da sociedade. É um Colégio forte, com tradição, excelentes professores, que fornece recursos e oportunidades quase que inesgotáveis. Porém, é caro também. Por conta disto, geralmente a maioria dos alunos que tem condições de estudar no Colégio tem uma estrutura familiar bem estabelecida por trás que favorece e valoriza a educação. Tomando um panorama geral, há um favorecimento de todo um “suporte de vida” por trás do estudo de um aluno do Band, o que favorece a qualidade do seu estudo e o impulsiona a conseguir se sobressair intelectualmente. Ou seja, o aluno do Band em geral tem muitos outros recursos “extra-curriculares” que o suportam no seu desenvolvimento no estudo. Mas isto pode criar na cabeça do aluno uma falsa impressão de que ele é mais do que outros…mais inteligente, mais bem capacitado, um “vencedor” da competição. Porém, além da lição de “saber perder” (dado que certamente não vamos vencer sempre), é também importante que cada um tenha a noção e a sensibilidade em enxergar que nem todo mundo foi igualmente favorecido para que conseguisse chegar intelectualmente onde você chegou e que o desenvolvimento intelectual não faz uma pessoa melhor ser que outra. Algumas pessoas, mesmo sem tantas condições quanto um aluno do Band, conseguem chegar ainda mais longe intelectualmente e, mesmo que não cheguem, isto não faz de ninguém melhor do que ninguém. Vale lembrar também que não é apenas o retorno financeiro que é importante como reconhecimento de esforços e dons. Estes são apenas alguns dos motivos pelos quais os alunos do Band têm de prestar atenção e tomar cuidado para manter a humildade. Não é difícil nem incomum enganarmos a nós mesmos ao nos “deixar convencer” que somos melhores que outras pessoas baseado-nos apenas no bom desempenho acadêmico. É sempre bom reiterar que isto não é tudo na vida.

Não apenas em relação aos outros, mas um “ego inflado” também pode prejudicial a si mesmo. Neste quesito, pode ser que haja uma certa confusão entre os princípios que envolvem a “humildade em relação a si mesmo” e a “autoconfiança”. Deixe-me explicar melhor tomando um exemplo prático: quando vamos prestar vestibular, fazer uma prova ou mesmo desempenhar alguma tarefa no âmbito profissional, às vezes é difícil saber exatamente qual postura tomar em relação ao que achamos de nós mesmos e o desafio que temos a enfrentar. Se não acharmos que somos capazes (falta de “autoconfiança”), ficamos inseguros e não conseguimos completar a tarefa com excelência ou até mesmo desistimos. Se acharmos que somos capazes demais (falta de “humildade”), subestimamos os desafios e corremos o risco de não nos preparamos o suficiente. Qual é a melhor postura então? A resposta seria: ter humildade E autoconfiança. Eles, a princípio, podem parecer “conflitantes”, mas não são. A questão está na definição de humildade e autoconfiança…observe que a aplicação da humildade não é “não acharmos que somos capazes”, nem a aplicação da autoconfiança é “acharmos que somos capazes demais”. Na verdade, temos que ter autoconfiança no que se refere a estar seguros em darmos sempre o melhor que pudemos e, ainda assim, temos que ter humildade no que se refere a reconhecer que, ainda assim, não sabemos tudo e que sempre há algo a mais a aprender.

E porque EU estou falando isso? Fiz Band, um colégio considerado de “elite”. Passei no vestibular de medicina da USP (um dos mais concorridos do país). Estou em um intercâmbio em Harvard (uma das melhores universidades do mundo). Estes são os fatos que todos podem ver. Tá, e o que isto quer dizer? Vou começar falando o que isto não quer dizer: não quer dizer que eu seja mais inteligente do que ninguém, nem uma pessoa melhor, nem algo intangível. E o que isto quer dizer? Quer dizer que, graças a Deus, eu fui uma pessoa muito privilegiada por receber muitas oportunidades e aproveitei. Sim, estudei bastante. Mas foram me dadas incontáveis fontes de recurso e apoio para tal. Eu não teria chegado até aqui se não tivesse me esforçado, mas apenas o meu esforço e minha capacidade não seriam suficientes se estivessem isolados. Além disso, sempre – digo, SEMPRE – vai ter alguém com desempenho melhor que o seu em algo que você se considera bom. Ou seja, a conclusão disto tudo: devemos, sim, fazer a nossa parte e nos esforçar para fazer tudo o melhor que pudemos…mas devemos também reconhecer que nem sempre “apenas” isto é suficiente e que ter tantas oportunidades e recursos de suporte não faz de nós pessoas melhores que as outras. Devemos achar um equilíbrio de modo a não subestimarmos as nossas provas e os nossos desafios, nem superestimarmos a nós mesmos. Portanto, aprendamos todos desde já (seja no 1o, no 2o, no 3o ano, em qualquer outra fase da vida ou área de atuação): humildade… humildade é a palavra!

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana…” Carl Jung

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