Uma questão de sorte?

Publicado em 27/11/15

Indo atrás de histórias de outros brasileiros que estudam no exterior, conversei com Derek, 25 anos. Aluno de medicina da Unesp, está fazendo um estágio de 1 ano no laboratório do Miguel Nicolellis (que, inclusive, é ex aluno do Band) na Universidade de Duke. Como sua história, para mim, é muito inspiradora e, acima de tudo, reforça a ideia de ”dar a cara a tapa” e sempre sonhar grande (sobre o que eu venho falando bastante ultimamente), achei que valia o espaço de um post.

Nicolellis sempre foi, para Derek, uma inspiração. Já havido lido sobre ele e se inteirado sobre seu trabalho quando, em 2012, o neurocientista foi dar uma palestra na faculdade de medicina de Botucatu, onde Derek estuda.
Ao final, entrou na fila de autógrafos, mas, quando chegou sua vez, pediu para conversar com ele em particular. “Sou apenas um aluno do segundo ano e faço iniciação científica só há 6 meses”, disse ele, receoso, mas sabendo que não tinha nada a perder. A empreitada saiu melhor do que o planejado e Derek manteve contato por e-mail com o laboratório do cientista até 2013, quando, viajando para apresentar um trabalho num congresso, aproveitou e passou para conhecer o lab no qual sonhava, um dia, poder trabalhar.

Derek no campus da Duke University

Derek no campus da Duke University

Contato mantido e interesse demonstrado por ambas as partes, em 2014, Derek,então quarto anista de medicina, resolveu que seria um bom momento para ir. Acreditou que o “Ciências Sem Fronteiras” poderia bancar seu estágio, porém, quando o edital para o ano de 2015 abriu, ele se deparou com uma notícia inesperada e desagradável: não haveria mais bolsas para os EUA para alunos de medicina (assim, sem mais nem menos).

É aí que a história fica interessante. Derek simplesmente não aceitou um não como resposta, não se conformou, e foi lutar por um jeito de realizar o que ele sonhava há tanto tempo. Entrou em contato com fundações filantrópicas brasileiras e norte americanas, mas todas afirmavam que ele não se encaixava em nenhum projeto. Recorreu ao crowdfunding, onde você divulga sua causa e pede dinheiro – a idéia é que muita gente se interesse para que, assim, pequenas doações se tornem significativas. Infelizmente, não conseguiu mais do que 4 mil reais, o que o sustentaria por apenas um mês no exterior.

Desesperado, porém não sem esperanças, decidiu que ia apelar até para celebridades. Cogitou até mesmo tentar contato com David Luis, por ambos serem crentes, achou que houvesse alguma chance de conseguir algum apoio financeiro. Essa parte da história pode parecer insignificante “nossa Carol, mas por que você tá contando isso?”. E eu respondo, sem pensar duas vezes: estou contando isso para mostrar o quanto o Derek, em momento algum, não teve medo de se arriscar, de ouvir um não (ou vários deles), o quanto ele não deixou de acreditar, mesmo quando a batalha parecia perdida (afinal o jogo só termina quando acaba, não é?).

Até que, um dia, foi a um almoço da empresa em que sua mãe trabalha e conheceu Thiago*, um empresário coincidentemente também muito interessado no trabalho do Nicollelis. Contou resumidamente da sua situação e viu que a história tinha causado comoção. Uma semana depois, foi chamado por Thiago para uma reunião. Revoltado com a situação (‘’como um aluno poderia perder uma oportunidade dessas” dizia), se ofereceu para pagar os estudos de Derek no exterior. Derek conta que Thiago, assim como ele, é um cara idealista e sonhador, muito interessado em saúde e educação e com o desejo não de sair do Brasil, mas sim de tornar o Brasil um lugar melhor. Essa reunião aconteceu no começo de janeiro de 2015, aos 47’ do segundo tempo e é assim que Derek está, hoje, há 6 meses estagiando no laboratório do famoso neurocientista. Sim, eu sei que muitos vão me dizer que ele teve sorte e, para vocês, eu respondo com uma famosa frase do Senna: “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”.

*o nome foi mudado para manter a privacidade

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