O gênio da lâmpada

Publicado em 06/10/17

Oi, tudo bem?

Esta foto e todas as outras deste post mostram o crepúsculo em diferentes locais de Boston na última semana

Esta foto e todas as outras deste post mostram o crepúsculo em diferentes locais de Boston na última semana

Tem sido muito interessante essa experiência de escrever semanalmente em um blog, pois, entre várias outras coisas, sinto-me constantemente estimulada a ir atrás de algo novo, peculiar, desconhecido. Toda semana, procuro algo digno de nota, seja pela beleza, pelo caráter informativo, pela surpresa. Contudo, sejamos sinceros: nem sempre o texto reflete o que vivo mais intensamente a cada ciclo de sete dias aqui em Boston. E a verdade é que, se assim fosse, este provavelmente seria o blog mais chato do mundo. Desde janeiro, tenho vivido uma explosão de experiências diferentes: aprendi muito sobre ciência no laboratório, conheci pessoas e lugares incríveis, frequentei conferências enriquecedores, superei os limites do meu corpo com a corrida, lidei com a saudade, sofri com o frio, aprendi a cozinhar e cuidar da casa, reimaginei meu futuro como médica, e por aí vai. Contudo, apesar da inegável relevância dos acontecimentos supracitados, eu considero tudo isso uma parte relativamente pequena desse presente lindo que tem sido o intercâmbio. Não que a importância disso tudo seja menor, mas qual seria o real valor dessas vivências se resultassem em tristeza? Este seria o blog mais entediante do mundo porque, se cada post reunisse o que eu mais senti no fundo do meu coração a cada semana, todos os textos seriam praticamente iguais: eu falaria de 40 modos diferentes como essa experiência me faz inenarravelmente feliz. Como cada dia eu acordo sorrindo com a luz dourada da manhã entrando pela janela do meu quartinho. Como é simples e maravilhosa a sensação do ar, quente ou frio a depender da estação, enchendo meus pulmões na caminhada diária até a Harvard University. Como eu nunca estive tão inspirada, tão em contato com Deus e com o que há de melhor em mim. Como eu mudo meu caminho no final de várias tardes só para apreciar o horizonte pintar-se de um rosa apaixonante enquanto o sol se põe. Como eu me sinto segura e livre, de um jeito que nunca imaginei que fosse possível. Como o céu dessa cidade parece tão amplo e infinito, me fazendo querer voar cada vez mais…

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Não que eu não fosse feliz antes, de modo algum. Sempre fui e sempre serei. Mas esse ano de 2017 em Boston, ah… é mágico, é especial. E confesso que já estava há semanas tentando colocar em palavras toda essa ressignificação da palavra felicidade para mim quando algo aconteceu.

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No final da tarde de uma quinta-feira de setembro, enquanto cruzava a Harvard Bridge, ponte que une as cidades de Boston e Cambridge, encontrei uma lâmpada. Como reza a lenda, esfreguei-a e de lá saiu um gênio. Porém, ao invés de me oferecer três desejos como seria esperado, o gênio disse que eu poderia escolher entre uma máquina do tempo e uma máquina de teletransporte. Pensei em todos os momentos lindos do meu passado que poderia reviver com a primeira. Pensei em todos os lugares maravilhosos desse mundo aos quais eu poderia me teletransportar com a segunda.

O que você escolheria?

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Olhei para o sol se pondo soberano nas águas do rio, e não tive dúvidas. Arremessei a lâmpada com o gênio o mais longe que pude no Charles River, e continuei minha caminhada muito contente: eu já estava exatamente no lugar e no tempo certos. Esse é o meu real significado pessoal de felicidade.

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Até a próxima!

Carol Martines

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Carolina Martines estudou no Colégio Bandeirantes de 2006 até 2012. Em 2013, foi aprovada em primeiro lugar na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), mas optou por cursar medicina na Universidade de São Paulo (USP). Depois de concluir os quatro primeiros anos da faculdade no Brasil, foi aprovada em um programa que a Faculdade de Medicina da USP tem com a Harvard University. Este programa seleciona estudantes que terão o privilégio de ser alunos de Harvard por um ano, trabalhando com pesquisa científica.

“Claro que está acontecendo dentro de sua cabeça, Harry, mas por que isso deveria significar que não é real?” (Alvo Dumbledore em Harry Potter e as Relíquias da Morte – J.K. Rowling).

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