13 Reasons Why – algumas reflexões

Publicado em 26/04/17

13-Reasons-Why

13 Reasons Why é uma série de televisão americana, que vem causando muita polêmica entre os que a assistiram e os que não a viram (pelo menos inteira). É baseada no livro de 2007, de Jay Asher, e adaptado por Brian Yorkey para a Netflix.

A história acompanha Clay Jensen que, ao voltar da escola, encontra uma caixa misteriosa com seu nome na porta de casa. Dentro dela, encontram-se fitas-cassetes gravadas por Hanna Baker – sua colega de classe e paixão secreta – que cometeu suicídio duas semanas antes. Nas fitas, Hanna explica as treze razões que a levaram à decisão de acabar com a própria vida.

Aparentemente toda polêmica gira em torno do fato central que ancora a narrativa: o suicídio de Hanna, cujos motivos dão forma aos episódios, já que cada um seria uma das 13 razões (na verdade pessoas) para justificar o desfecho conhecido logo no início. No entanto há diversos outros temas que merecem atenção e que estão sendo colocados de lado nas conversas e nos posts na internet.

Alguns críticos chegaram ao extremo de recomendar que a série original do Netflix não fosse assistida pelo perigo que representa. Como se a “proibição” impedisse seu sucesso. Pelo contrário, parece ter efeito de aumentar a curiosidade. É preciso refletir que, por trás desse ponto de vista pode residir a crença de que a ficção incitaria ao suicídio na vida real. Mas há os que afirmam exatamente o contrário: a série teria contribuído para a prevenção do número de suicídios entre os jovens. Segundo o CVV, desde a estreia da série, os pedidos de ajuda ou de conversa enviados por e-mail aumentaram em mais de 100%.

O perigo é se apoiar numa crença de que a exposição de um tema difícil, penoso, na ficção ou mesmo numa aula, tenha poder de influência tão imediato e devastador. A mesma crença de que um filme sobre drogas pode induzir ao consumo, ou a educação sexual na escola pode despertar precocemente a sexualidade, ou levar à promiscuidade. Em nossa opinião, a história de Hanna não é uma apologia ao suicídio como insinuam alguns, mas a história de uma personagem vítima de uma série de sofrimentos que a levam à morte prematura. As próprias razões que Hanna apresenta são apenas a sua versão dos fatos, ora colocada como mentira, ora como distorção da realidade. Os personagens, incluindo Hanna são apresentados em sua dimensão humana, cheios de dúvidas, incertezas e inseguranças.

A série toca neste tema (o suicídio) e em outros espinhosos, como a falta de diálogo, o bullying, o abuso sexual, o desrespeito ao gênero, o estupro, os quais devem ser enfrentados com coragem por pais e educadores que desejam compreender melhor os adolescentes, para poder ajudá-los a enfrentar seus conflitos e sofrimentos. Não nos cabe aqui recomendar ou repudiar a série, que os adolescentes já estão vendo e discutindo, mas enfrentar sem medo os temas que já estão no mundo real.

A série apresenta com honestidade a dinâmica perversa da vida social dos jovens, em particular na escola, onde deveriam estar mais protegidos e nos leva a refletir sobre a importância de basear as relações entre as pessoas em valores como respeito, solidariedade e empatia.

A equipe de CPG do colégio Bandeirantes, há anos vem trabalhando na promoção do desenvolvimento de relações mais saudáveis na escola por meio de estratégias de aula que propiciam a discussão de dilemas éticos e de dinâmicas que estimulam a reflexão e a vivência de valores universais como justiça e respeito. Além disso, o colégio conta com assessoria da Dra. Telma Vinha (UNICAMP) e da Dra. Luciene Tognetta (UNESP) na formação de professores para o trabalho de ética e desenvolvimento moral e na implantação das rodas de diálogo entre alunos.

Para finalizar, lembramos que 13 Reasons Why é indicada para maiores de dezesseis anos. Se crianças e adolescentes mais novos desconsiderarem essa recomendação, o ideal é que assistam à série na companhia dos pais ou responsáveis, com quem possam dialogar e expressar seus medos e angústias diante de cenas fortes, que podem causar desconforto ou serem mal-entendidas.

Equipes de CPG e OE

https://www.somoscontraobullying.org/13-reasons-why

 

 

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