Informações sobre o HPV

Publicado em 14/03/14

O que é o Papiloma Vírus Humano (HPV)?

O HPV é um vírus que ataca homens e mulheres. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, dos quais cerca de 40 tipos afetam a área genital. Alguns causam verrugas não cancerígenas no colo do útero e nos genitais, de difícil tratamento e que recidivam com frequência (tipos 6 e 11) e outros, principalmente os tipos 16 e 18, causam câncer de colo de útero, vulva, vagina, pênis e anus.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres, sendo superado apenas pelo câncer de pele (não melanoma) e pelo de mama. É a quarta causa de morte por câncer em mulheres (9). No Brasil, ainda são registrados mais de 19,2 mil casos da doença a cada ano (7).

A infecção pelo HPV é a doença de transmissão sexual mais comum atualmente, afetando 50% das pessoas sexualmente ativas, na maioria das vezes de forma assintomática. 6-7

O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção pelos tipos oncogênicos do HPV (tipos 16 e 18). É importante saber, no entanto, que ter contato com o vírus não significa desenvolver alguma doença ou transmiti-la. Pessoas saudáveis, com sistema imunológico normal, costumam eliminar o HPV espontaneamente.

Como ocorre a transmissão?

O vírus é altamente contagioso podendo ser encontrado na pele e nas mucosas. A transmissão geralmente acontece pelo contato com a região infectada. O HPV não necessita de penetração para se instalar; pode ser encontrado na virilha, nas coxas ao redor da região genital e na mucosa oral. Portanto, carícias íntimas entre duas pessoas (“amasso”) podem transmitir o vírus. Existe também, mais raramente, a possibilidade de transmissão vertical (mãe/ feto) e de contaminação por meio de objetos que contenham o HPV (roupas íntimas, sabonete, toalhas, instrumentos médicos) e pelas mãos, o que explica a possibilidade de contaminação mesmo com o uso de camisinha. O nível de proteção do preservativo é só de 60%. Isso porque ele barra apenas a invasão do vírus no órgão genital. O resto do corpo fica desprotegido à mercê do menor contato com o vírus, que pode ser transmitido mesmo sem a presença de lesões.

A evolução da infecção pelo HPV é igual para ambos os sexos?

Tanto o homem como a mulher infectados pelo HPV, geralmente desconhecem que são portadores do vírus, especialmente quando não possuem verrugas visíveis, mas podem transmitir o vírus aos seus parceiros. O órgão genital da mulher permite maior desenvolvimento e multiplicação do vírus, facilitando o aparecimento de lesões que podem evoluir para o câncer.

O HPV tem cura?

Na maioria das vezes, o sistema imune consegue combater a infecção pelo HPV, com eliminação completa do vírus, principalmente em pessoas jovens. A melhor forma de prevenir estas infecções é a vacinação e o uso de preservativo.

O que é a vacina quadrivalente contra o HPV?

A vacina quadrivalente recombinante contra o HPV evita a infecção por 2 tipos de vírus cancerígenos (16 e 18), responsáveis por 70% de todos os tipos de câncer de colo de útero, mais de 50% de câncer de pênis e 40% de tumores anais, e 2 tipos de vírus não cancerígenos (6 e 11), que causam 90% de todos os casos de verrugas genitais. (3-6-7-9-10)

A vacina quadrivalente é altamente efetiva (99%) contra câncer de colo de útero e outras lesões genitais, malignas ou não, em mulheres e homens jovens sem contato prévio com o vírus. A vacina não trata infecções pré-existentes pelo HPV ou suas complicações. (10)

Qual é a indicação da vacina?

A vacina foi testada e está sendo indicada para mulheres e homens entre 9 e 26 anos. Os adolescentes devem receber o esquema completo de vacinação antes de se tornarem sexualmente ativos. A vacina é potencialmente mais eficaz em indivíduos que nunca entraram em contato com o HPV, embora os que já foram expostos a algum tipo do vírus também possam se beneficiar da vacinação, porque serão protegidas dos demais tipos contidos na vacina.

A vacina não é recomendada para mulheres grávidas.

Por que a Secretaria da Saúde só está vacinando as meninas?

Como a estratégia de vacinação é reduzir os casos e mortes ocasionados pelo câncer de colo uterino a vacinação através da Secretaria da Saúde será restrita as Meninas. Segundo estudos australianos os meninos passam a ser protegidos, indiretamente com a vacinação das meninas. (imunidade de rebanho)

População alvo

A população alvo para vacinação, da Secretaria da saúde, é composta por adolescentes do sexo feminina na faixa etária de 11 a 13 anos em 2014, na faixa etária de 9 a 11 anos em 2015 e a partir dos 9 anos de idade em 2016.

Esquema vacinal da Secretaria da Saúde

A vacinação consiste na administração de três doses, com esquema vacinal de 0, 6 e 60 meses (5 anos): esquema estendido.

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recomendou o esquema estendido como uma opção para programas públicos de imunização em larga escala de meninas de 11 a 13 anos. Esse esquema baseia-se em um estudo ainda em andamento, realizado no Canadá com 310 meninas de 9 a 13 anos que já receberam duas doses do esquema estendido (0 e 6 meses). O resultado do acompanhamento de 36 meses mostrou que a resposta imunológica foi comparável à obtida em mulheres de 16 a 26 anos que receberam o esquema padrão (0, 2 e 6 meses). Apenas o acompanhamento dessas meninas de 9 a 13 anos a longo prazo poderá confirmar se existe manutenção da resposta imune e eficácia clínica com o uso deste novo esquema.

Esquema vacinal padrão, proposto pelos produtores da vacina (Merck Sharp & Dohme).

O esquema vacinal feito nas instituições privadas  é o tradicional: 0, 2 e 6 meses.

Mulheres e homens de mais de 26 anos devem ser vacinados?

Estudos sobre esta vacina estão sendo realizados em homens e mulheres com idade superior a 26 anos. A liberação de vacina para estes grupos aguarda o parecer da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Quais os efeitos colaterais da vacina?

Os estudos de desenvolvimento clínico não demonstraram efeitos colaterais graves. Os mais frequentes são os seguintes: dor no local da injeção e febre baixa (10% dos casos).

Qual a duração de proteção da vacinas?

Até o momento, os estudos demonstram que as mulheres e homens vacinados estão protegidos por no mínimo 8,5 anos. A duração exata da proteção da vacina ainda é desconhecida.

É necessária dose de reforço?

Até o momento a resposta é não. Só estudos em longo prazo poderão determinar a necessidade ou não de dose de reforço.

As mulheres vacinadas ainda precisam fazer controles de rotina?

A vacinação não exclui a importância de se fazer o exame de Papanicolau uma vez por ano, pelos seguintes motivos:

  1. o Papanicolau detecta precocemente, em 80% dos casos, alterações celulares que podem se transformar em câncer.
  2. a vacina não proporciona proteção contra todos os tipos de HPV que causam câncer de colo de útero.
  3. as mulheres que já tenham tido infecção pelo HPV podem eventualmente não se encontrar totalmente protegidas após a vacinação.
  4. as mulheres que não tomaram as 3 doses da vacina podem também não estar totalmente protegidas.

Qual o esquema de vacinação?

Três doses (intramusculares), com intervalo de 2 e 6 meses após a primeira aplicação.

Existe alguma contra indicação?

  1. Vigência de quadro febril, infeccioso agudo.
  2. Gestação.
  3. Alergia a alumínio ou reação adversa a uma dose prévia da vacina.
  4. Uso de drogas imunossupressoras e corticoide em altas doses por período superior a 14 dias.
  5. 5. Alterações de coagulação (pode ocorrer sangramento local).

Nos 2 últimos casos sugerimos que o médico da criança/ adolescente seja consultado.

Recomendações:

  1. O uso de preservativo é indispensável, não só contra a infecção pelo HPV, mas também contra todas as outras DSTs.
  2. O HPV pode ser transmitido na prática de sexo oral.
  3. A consulta com ginecologista é muito importante. A incidência de câncer de colo de útero é baixa em mulheres com menos de 25 anos de idade. A Sociedade Americana de Cancerologia aconselha que todas as mulheres façam o teste de Papanicolau, anualmente. Os controles devem começar 3 anos após o início da vida sexual ativa, ou no máximo até os 21 anos.

Referências

1. American Cancer Society. Available at.
http://documents.cancer.org/115.00/115.00.pdf. Accessado em 25 de Abril de 2009.

2. American Cancer Society. Available at.
www.cancer.org/dowloads/PRO/CervicalCancer.pdf . Acessado em 25 de Abril de 2009.

3. NIP/CDC. http://www.cdc.gov/vaccines/vdp-vac/hpv/vac-faqs.htm. Acessado em 22 de Abril de2009.

4. Steinbrook R. N Engl J Med. 2006; 354 (11):1109-1112. A correction has been published: N Engl J Med2006:355(7):745.

5. Atenção Integral a Saúde da Mulher.
http://www.gineco.com.br/vacinahpv.htm. Acessado em 22 de Abril de 2009.

6. Boletim Feury Medicina e Saúde.
http://www.fleury.com.br/Medicos/SaudeEmDia/RevistaMedicinalESaude/pages/81Vaci. Acessado em 22 de Abril de 2009.

7. Revista Fleury Saúde em Dia.
http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/RevistaSaudeEmdia/pages/8Vacinacontra. Acessado em 22 de Abril de 2009.

8. Evite o Câncer do Colo do Útero.
http://www.casadevacinasgsk.com.br/hpv/cancer-colo-utero.asp. Acessado em 22 Abril de 2009.

9. HPV. Câncer de Colo do Útero. Verrugas Genitais.Guia de Ginecologia .Merck Sharp & Dohme. MC 450/08. 06-2009-GRD-08-BR-450-PE.

10. Vacina Quadrivalente Recombinante Contra Papilomavírus humano (tipos 6, 11, 16, 18). Merck Sharp & Dohme.MC 003/08.12-08-GRD-2007-MVD1237101-DA.11-2008-GRD-08-BR-003-DA.

11. Journal of Infectous Desease 01/01/2011,203:49-57, 2011.

12. The New England Journal of Medicine, 03/02/2011.

 

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